sábado, 16 de março de 2019

XI Encontro da OFSE: Estudo sobre a liderança cristã de Clara de Assis.


No dia 23 de março de 2019, a OFSE (Ordem Franciscana Secular Evangélica) esteve reunida na cidade de Nova Friburgo - RJ.
Estiveram presentes as irmãs: Marisa, Iris, Myrna, Elonede, Alice, Carmem, Viviane e Lígia. E os freis Edson, Alexandre, Gleisto Sérgio e Jessé. 
O Frei Alexandre é um clérigo da Igreja Anglicana em Novba Friburgo e foi sua priomeira participação. Sua presença nos deu muita alegria.
Na oportunidade celebramos os 80 anos de vida do irmão Jesse. A Reunião foi realizada em sua casa. 
Também receberam o Simbolo da OESI o Frei Jessé e as irmãs Carmem e Iris. Todos ficaram muito emocionados.
Estudamos a Vida de CLARA de Assis. (Veja o texto estudado abaixo) e terminamos a reunião com a oração das Vésperas com Eucaristia e um delicioso bolo de aniversário do frei Jessé. 
Veja as fotos:  


Frei Gleisto, Frei Alexandre e Frei Edson

Momento da Eucaristia

Reflexão do Evangelho

Comentando o Evangelho

Foto oficial da OFSE

Foto Oficial da OFSE

Irmãs Marisa, Carmem, Frei Jessé, Irmãs Elonede, Iris e Myrna

Frei Jessé recebendo o símbolo da OESI pelas mãos da irmã Elonede

Irmã Iris recebendo o símbolo da OESI pelas mãos da Myrna

Irmã Carmem recebendo o Símbolo da OESI pelas mãos da Irmã Marisa

Foto do Bolo


Frei Edson e Irmã Iris (recebeu o símbolo da OESI)

Irmãs Iris, Marisa e Elonede

Irmãs Alice e Lígia

Irmã Elonede, Myrna e Viviane

Frei Gleisto e Frei Alexandre

Irmãs Marisa, Elonede e Myrna

Irmã Carmem e Frei Jessé

Foto do bolo



Frei Jessé completando 80 Anos. 


Clara: Uma liderança Silenciosa
Edson Cortasio Sardinha

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Clara é uma líder silenciosa. Como líder cristã e discípula de Francisco de Assis, criou uma mistagogia própria baseada no silêncio, oração, exemplo e atitudes.
Nasceu em Assis, Itália, em 1193, 12 anos depois de Francisco. Seu nome de nascimento é Clara Offreduccio de Favarone.
Com 17 anos ouviu as pregações de Francisco e começou a ser por ele discipulada secretamente; e com 19 anos, na noite de Domingo de Ramos, deixou a casa de seus pais para se aventurar numa experiência cristã sem precedentes. Sentiu-se vocacionada a ser discípula de Francisco na radicalidade do Evangelho.
Sua atitude corajosa foi reconhecida pela Igreja. Com apenas 22 anos recebeu o título de Abadessa do Mosteiro de São Damião.
Depois de muito insistir com as autoridades da igreja, com apenas 23 anos, recebeu a autorização do Papa para viver a máxima pobreza (privilégio da máxima pobreza).
Muitas mulheres nobres seguiram sua radicalidade evangélica e sua mistagogia.
Com 31 anos teve início uma grave doença em sua vida e permaneceu até sua morte.
Mas nada paralisou seu trabalho e vocação. Através de sua liderança silenciosa, comunidades e Mosteiros foram fundados em várias partes da Europa.
Através de seu exemplo e liderança, uma princesa chamada Inês, filha do rei da Boêmia funda um Mosteiro em Praga e recebe instruções de Clara para viver a vida cristã de maneira santa e relevante.
Inês de Praga, ou da Boêmia, foi filha do rei Otocar I da Boêmia e da rainha Constância da Hungria. Nasceu em 1205 e morreu em 1282. Foi prometida como noiva a diversos príncipes, inclusive ao futuro Henrique VII, que seria imperador. Teve uma educação esmerada, em diversos mosteiros e cortes. Conheceu os franciscanos, que chegaram à sua cidade em 1225, animada também pelo testemunho de sua prima Santa Isabel da Hungria, decidiu ser Clarissa porque encontrou em Clara uma liderança e um modelo cristão a ser seguido. Abandonou tudo em troca de sua conversão.
Com 47 anos Clara enfrentou os Mulçumanos Sarracenos e conseguiu, pela oração, expulsá-los de Assis. A cidade foi liberta duas vezes pelo poder da oração na vida de Clara.
Com 60 anos teve a visita do Papa e finalmente sua Regra de Vida foi aprovada.
Morreu no dia 11 de agosto de 1253, com 60 anos. 27 anos depois de Francisco morrer.
Enquanto a Ordem Franciscana (Irmãos Menores) passava por desvios, confusões políticas, brigas internas e decomposição; Clara permaneceu fiel ao discipulado que recebeu aos 17 anos. Permaneceu 27 anos, após a morte de Francisco, vivendo de forma íntegra o Evangelho crido e pregado.
Dez anos depois de sua morte, a Ordem de São Damião passou a se chamar Ordem de Santa Clara em sua homenagem. Esta ordem está presente em vários países e nasceu de uma liderança silenciosa e temente a Deus.
Dois anos após sua morte, Clara teve sua biografia escrita por Tomás de Celano, o mesmo biógrafo de Francisco. Celano acompanhou a vida de Clara por mais de 30 anos. Foi testemunha ocular de sua espiritualidade e discipulado.
Celano nos informa que durante o discipulado secreto que Francisco fez com Clara, ele “exortava-a a desprezar o mundo, mostrando com vivas expressões que a esperança do século é seca e sua aparência enganadora. Instilou em seu ouvido o doce esponsal com Cristo, persuadindo-a a reservar a joia da pureza virginal para o bem-aventurado Esposo a quem o amor fez homem”.
Por causa do Evangelho recebido e do testemunho de Francisco, Clara abandonou tudo para seguir uma carreira incerta e perigosa. Contudo, estava apaixonada pelo Esposo de sua Alma, Jesus Cristo. Celano diz: “Acesa no fogo celeste, desprezou tão soberanamente a glória da vaidade terrena que nada mais se apegou em seu coração dos afagos do mundo. Aborrecendo igualmente as seduções da carne, decidiu desde então desconhecer o tálamo de culpa, desejando fazer de seu corpo um templo só para Deus, esforçando-se por merecer as núpcias do grande Rei”.
Antes de sua decisão em seguir o Evangelho de forma radical, Clara já tinha uma vida de piedade e praticava obras de misericórdia.
Era uma adolescente rica voltada para os pobres. Uma adolescente inquieta voltada para a quietude da oração.
Celano diz que Clara “estendia a mão com prazer para os pobres e, da abundância de sua casa, supria a indigência de muitos”. ...Assim cresceu a misericórdia com ela desde a infância e tinha um coração compassivo, movido pela miséria dos infelizes”.
Na vida de piedade cristã, “gostava de cultivar a santa oração, em que, orvalhada muitas vezes pelo bom odor, foi praticando aos poucos a vida virginal”.
Clara viveu o discipulado de Francisco de Assis até o final de sua vida. As palavras de Francisco agarram em sua alma e desejou fielmente amar Jesus com toda a radicalidade evangélica.
Celano diz que Clara “submeteu-se toda ao conselho de Francisco, tomando-o como condutor de seu caminho, depois de Deus. Por isso, sua alma ficou pendente de suas santas exortações, e acolhia num coração caloroso tudo que ele lhe ensinava sobre o bom Jesus. Já tinha dificuldade para suportar a elegância dos enfeites mundanos e desprezava como lixo tudo que aplaudem lá fora, para poder ganhar a Cristo”.
Sua liderança levou sua irmã Inês e sua mãe Hortolana a seguirem seus passos. Sua família entrou para Ordem de São Damião e ajudou-a a viver para interceder e amar a Jesus.
Resistiu com perseverança as investidas dos parentes para fazê-la desistir da vida Cristã. Celano diz que seus parentes “recorreram à violência impetuosa, ao veneno dos conselhos, ao agrado das promessas, querendo convencê-la a sair dessa baixeza, indigna de sua linhagem e sem precedentes na região. Mas ela segurou as toalhas do altar e mostrou a cabeça tonsurada, garantindo que jamais poderiam afastá-la do serviço de Cristo. A coragem cresceu com o combate dos parentes e o amor ferido pelas injúrias lhe deu forças. Seu ânimo não esmoreceu nem seu fervor esfriou, mesmo sofrendo obstáculos por muitos dias no caminho do Senhor e com a oposição dos familiares a seu propósito de santidade. Entre insultos e ódios, temperou sua decisão na esperança, até que os parentes, derrotados, se acalmaram”.
A fama de sua liderança e discipulado se espalhou por toda a parte. Muitos homens e mulheres desejaram amar Jesus como Clara amava.
Celano diz que “algumas, dignas de casamentos com duques e reis, estimuladas pela mensagem de Clara, faziam rigorosa penitência, e as casadas com homens poderosos imitavam Clara como podiam. Numerosas cidades ganharam mosteiros, e mesmo campos e montanhas ficaram bonitos com a construção desses celestes edifícios”.
A liderança silenciosa de Clara sacudiu o mundo. A mensagem de Jesus foi uma espada que dividiu famílias. Mulheres e homens deixaram os sonhos dos pais para viveram os sonhos de Deus por causa da liderança silenciosa de Clara.
Clara teve uma liderança radical firmada na humildade. Quanto mais crescia sua importância no mundo cristão, mas exercitava a humildade. Celano diz que “Quanto mais elevada se viu por esse exterior de superioridade, mais se fez vil aos próprios olhos, disposta a servir, desprezível na aparência. Não recusava nenhum trabalho servil”.
Sua liderança também esteve alicerçada no desprendimento. Este total desprendimento era carinhosamente chamado de santa pobreza. Foi um exemplo perfeito para suas discípulas. Diz Celano: “No pequeno ninho da pobreza, animava-as a conformar-se com o Cristo pobre, deitado pela mãe pobrezinha em mísero presépio. Pois afivelava o peito com essa singular lembrança, joia de ouro, para que o pó terreno não passasse para o interior”.
Através de sua vida, Jesus realizou muitos milagres: multiplicação de pães e azeite, curas e libertações.
Para ser usada por Deus praticava a mortificação de sua carne de forma radical e assustadora. Mas este exercício não a trazia tristezas, mas profunda e perfeita alegria.
Sua liderança silenciosa foi marcada pela oração e pelos louvores. Celano diz: “Já morta na carne, estava tão alheia ao mundo que ocupava sua alma continuamente em santas orações e divinos louvores. Tinha cravado na Luz o dardo ardentíssimo do desejo interior e, transcendendo a esfera das realidades terrestres, abria mais amplamente o seio de sua alma para as chuvas da graça”.
Na doença teve a consolação do Senhor. Tinha amor apaixonado pela Paixão do Senhor Jesus. Celano diz que “como ela se lembrava de seu Cristo na doença, Cristo também a visitou em seus sofrimentos”.
Como líder, Clara levou suas irmãs a uma formação cristã permanente através de sua pedagogia de santidade.
Ensinava “a afastar de dentro da alma toda convulsão, para poderem firmar-se só na intimidade de Deus”.
Ensinava também a “não se deixar levar pelo amor dos parentes segundo a carne e a esquecer a casa paterna para agradar a Cristo”.
Mas isso não significava a falta de zelo espiritual para a salvação da família. Pelo contrário, Clara amava sua família e teve sua mãe e irmã convertidas e trabalhando com ela no mosteiro.
Sobre a conversão de sua irmã Inês, Celano diz que Clara “pedia insistentemente ao Pai da misericórdia que o mundo perdesse o gosto e que Deus fosse doce para Inês, a irmã deixada em casa, mudando-a da perspectiva de um casamento humano para a união de seu amor, desposando com ela, em virgindade perpétua, o Esposo da glória”.
Assim, dezesseis dias depois da conversão de Clara, Inês, “levada pelo Espírito divino, correu para a irmã e, contando seu segredo, disse que queria servir só ao Senhor. Ela a abraçou toda feliz e exclamou: Dou graças a Deus, dulcíssima irmã, porque abriu os ouvidos à minha solicitude por você”.
Clara também exortava suas discípulas a vencer os impulsos da carne, a perceber os laços do inimigo. Para isso, estabeleceu tempo certo para o trabalho manual e para orações.
Ensinou a prática do silêncio e da oração. “Lá, não havia o espírito de conversas à toa nem palavras levianas mostrando afetos frívolos”.
Celano diz que Clara exercia forte liderança com seu silêncio e exemplo: “A própria mestra, de poucas palavras, resumia em alocuções breves a abundância de sua mente”.
Clara era apaixonada pela pregação da Palavra. Fez questão de ter pregadores franciscanos com frequência na Capela de seu Mosteiro. Celano diz que “quando ouvia a santa pregação, ficava tão inundada de gozo e gostava tanto de recordar o seu Jesus. Não tinha formação literária, mas gostava de ouvir os sermões dos letrados, sabendo que na casca das palavras ocultava-se o miolo que tinha a sutileza de alcançar e o gosto de saborear. De qualquer sermão, conseguia tirar proveito para a alma, pois sabia que não vale menos poder recolher de vez em quando uma flor de um áspero espinheiro que comer o fruto de uma árvore de qualidade”.
Clara foi a líder silenciosa que cuidava do corpo e da alma de suas irmãs. Percebia suas necessidades e trabalhava para acolher e orientar. Celano diz que ela “não amava só as almas das filhas: servia também seus corpos com o zelo de uma caridade admirável. Muitas vezes, no frio da noite, cobria-as com as próprias mãos, enquanto dormiam, e queria que se contentassem com um regime mais benigno as que via incapacitadas para a observância do rigor comum”.
Na área do aconselhamento, se percebesse que alguma “estivesse perturbada por uma tentação, ou tomada de tristeza, chamava-a à parte e a consolava entre lágrimas. Às vezes, se ajoelhava aos pés das que sofriam para aliviá-las com carinho materno”.
Clara foi um exemplo de líder que enfrenta as dificuldades e as dores olhando para o Senhor e recebendo Dele a alegria. Celano diz que “em vinte e oito anos de contínua dor, não se ouviu murmuração nem queixa. De seus lábios brotavam sempre santas palavras, uma ação de graças contínua”.
O segredo de Clara era profetizar para sua própria alma. Ela tinha a benéfica prática de ministrar para sua alma os consolos do Senhor.
Quando estava morrendo, cercado por amigos e irmãos, com intensas dores, ela teve a paz para ministrar para si própria.
Celano diz que Clara “voltando-se para si mesma, diz baixinho a sua alma: Vá segura, que você tem uma boa escolta para o caminho. Vá, diz, porque aquele que a criou também a santificou; e, guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com terno amor. E bendito sejais Vós, Senhor, que me criastes! Uma das Irmãs perguntou com quem estava falando, e ela respondeu: Falo com a minha alma abençoada".
Clara morreu em 11 de agosto de 1253 com apenas 60 anos. Sua irmã Inês faleceu três meses depois.
Foi para São Damião com apenas 19 anos e lá permaneceu até sua morte. Mas conseguiu influenciar o mundo, converter nobres, consolar pobres e viver a radicalidade do Evangelho. Sua mistagogia brotava do silêncio do seu mosteiro e de sua decisão firme de seguir e amar o Senhor. Foi uma líder silenciosa.
Como jovem, não entrou em uma ordem estabelecida e rica. Iniciou seu próprio caminho pobre segundo as orientações de seu discipulador. Foi uma líder eficaz porque foi uma discipula e ouvinte eficaz. Aprendeu com o Evangelho e com Francisco que lhe ensinou as primeiras palavras da radicalidade evangélica.
Viveu quieta, influente, feliz e realizada no Senhor, apesar de todas as intempéries da vida. Enfrentou doenças, sarracenos, tropas militares, fome, família, autoridades eclesiásticas e o mundo. Mas venceu tudo com alegria ao lado do Senhor Jesus.
Quem serve a Cristo descobre a alegria em todos os momentos da vida. Por isso Paulo nos recomenda: Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4.4).

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