sábado, 29 de outubro de 2022

São Francisco comenta o Evangelho segundo São Lucas 14.1,7-11.



São Francisco comenta o Evangelho segundo São Lucas 14.1,7-11.

1Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. 7Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: 8«Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; 9então, aquele que vos convidou a ambos terá de te dizer: "Dá o lugar a este"; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. 10Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: "Amigo, sobe mais para cima"; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. 11Quem se exalta, será humilhado, e quem se humilha, será exaltado».

São Francisco diz em sua Primeira regra, § 17

«Vai sentar-te no último lugar»

            Irmãos, evitemos o orgulho e a vã glória. Evitemos a sabedoria deste mundo e a prudência egoísta. Pois aquele que é escravo das suas tendências egoístas investe muito esforço e aplicação na formulação de discursos, mas muito menos na passagem aos atos: em lugar de procurar a religião e a santidade interiores do espírito, quer e deseja uma religião e uma santidade exteriores e visíveis aos olhos dos homens. É sobre eles que o Senhor diz: «Em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa» (Mt 6,5). Pelo contrário, aquele que é dócil ao Espírito do Senhor quer mortificar e humilhar esta carne egoísta. [...] Dedica-se à humildade e à paciência, à simplicidade pura e à verdadeira paz de espírito; o que deseja sempre e acima de tudo é o temor de Deus, a sabedoria de Deus e o amor de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

            Ofereçamos todos os bens ao Senhor, Deus altíssimo e soberano; reconheçamos que todos os bens Lhe pertencem; demos-Lhe graças por tudo, pois é dele que procedem todos os bens. Que Ele, o Deus altíssimo e soberano, o único Deus verdadeiro, obtenha e receba todas as honras e todo o respeito, todos os louvores e bênçãos, todo o reconhecimento e toda a glória; pois todo o bem está nele e só Ele é bom.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A Morte de Francisco de Assis nas primeiras fontes Biográficas

 


 A Morte de Francisco de Assis nas primeiras fontes Biográficas

04 de outubro de 1226

 

Segundo a Legenda dos Três Companheiros:

 

         Vinte anos após, desde o momento em que se havia conformado perfeitissimamente a Cristo seguindo a vida e as pegadas dos apóstolos, o homem apostólico Francisco, no ano da Encarnação do Senhor 1226, dia 4 de outubro, domingo, voltou a Cristo, tendo conseguido, após muitos trabalhos, o eterno descanso, e apresentou-se dignamente diante do Senhor. (Legenda dos Três Companheiros - Cp. 17)

 

Segundo a Legenda Perusiana:

         Disse-lhe o médico: “Irmão, tu estarás bem, pela graça do Senhor”. Pois não queria dizer que ele ia morrer logo. O bem-aventurado Francisco disse-lhe outra vez: “Diz-me a verdade: que te parece”. Não tenhas medo, porque pela graça de Deus eu não sou covarde, para ficar com medo da morte, pois, com a ajuda de Deus, pro sua misericórdia e graça, estou tão ligado e unido com o meu Senhor, que estão tão contente com a morte como com a vida, e ao contrário.”. Então o médico disse abertamente: “Pai, de acordo com a nossa física, tua doença é incurável e ou no fim do mês de setembro ou no dia de outubro, vais morrer”. O bem-aventurado Francisco, que estava deitado na cama, doente, com a maior devoção e reverência pelo Senhor, abrindo os braços e as mãos, disse com grande alegria interior e exterior: “Seja bem vinda, minha irmã morte!”. (Legenda Perusiana cp 100)

 

Segundo Tomás de Celano:

         No ano de 1226 da Encarnação do Senhor, na indicção XIV, domingo, dia 4 de outubro, em Assis, sua terra, e na Porciúncula, onde fundara a Ordem dos Frades Menores, tendo completado vinte anos de perfeita adesão a Cristo e de seguimento da vida apostólica, nosso bem aventurado pai Francisco saiu do cárcere do corpo e voou todo feliz para as habitações dos espíritos celestiais, terminando com perfeição o que tinha empreendido. (Tomás de Celano - Primeira Vida - Livro 2, Cp 1. 88

 

Segundo Boaventura:

 

         Partiu deste mundo o seráfico Pai São Francisco no ano da encarnação do Senhor de 1226, ao anoitecer do sábado 3 de outubro, sendo sepultado no domingo seguinte. (Legenda maior de Boaventura L. 6. C. 8 - parágrafo 6.

 

Segundo o Espelho da Perfeição:

         Ao ouvi-lo, o médico respondeu: "Irmão, ficarás bom, pela graça de Deus". Mas São Francisco replicoulhe: "Dize-me a verdade! Que pensas das minhas enfermidades? Não tenhas medo de me dizer a verdade, pois, pela graça de Deus, não sou tão medroso a ponto de  temer a morte. Com a graça do Espírito Santo, estou tão unido a meu Senhor que igualmente estarei contente de viver ou de morrer". O médico falou-lhe então com toda a franqueza: "Pai, mediante os conhecimentos de medicina, tua moléstia é incurável; penso que morrereis no fim de setembro ou a 4 de outubro". Ouvindo isto, o santo patriarca estendeu as mãos para o Senhor com grande devoção e respeito, excluindo, com grande alegria de corpo e de alma: "Bendita sejas tu, minha irmã Morte". (Espelho da Perfeição Cp 122.)

         Proferidas estas palavras, foi conduzido a Santa Maria, onde, com quarenta anos de idade e vinte de perfeita penitência, emigrou, no dia 4 de outubro do ano do Senhor de 1226, para o Senhor Jesus Cristo, a quem havia amado com todo o coração, com toda sua alma, com todas as suas forças, com ardente desejo e com todo seu afeto; seguindo-o com toda perfeição, correndo atrás de suas pegadas e chegando, por fim, à glória daquele que reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém. (Espelho da perfeição - Cp 124)