sábado, 26 de fevereiro de 2011

Francisco de Assis (século XII) e João Wesley (Século XVIII)


                                                                                                                                                                                        


Franciscanos e Wesleyanos:
Movimentos de Santidade

Francisco não gostava da nomenclatura “Franciscano”. Preferia o nome “Imãos Menores”.  Wesley também não adotou o nome de Wesleyano para o seu movimento. Com relação ao nome metodista chegou a dizer: “Eu ficaria contente se o próprio nome metodista não voltasse a ser mencionado jamais e fosse sepultado em eterno esquecimento”.

  • Francisco renunciou a liderança de sua própria Ordem. Wesley também disse: “Pouca é a minha ambição de ser o cabeça de uma nova seita ou partido”.

  •  Francisco viveu a conversão na prática. Lutou para poder viver o Evangelho no cotidiano e praticar literalmente o Evangelho do Senhor Jesus.  Wesley também ensinava que a conversão a Jesus é comprovada pela prática, e não pelas emoções do momento.

  • Francisco reuniu 12 discípulos e deu início ao seu movimento de Reforma. Valorizou os pregadores leigos. O movimento franciscano ficou organizado em: 1) Irmãos Menores (Primeira Ordem) que saiam pelo mundo de dois a dois pregando o Evangelho (maioria leigos); 2) Ordem das Clarissas (Segunda Ordem). Liderada por Clara que ficou num convento em São Damião e iniciou um movimento de oração e intercessão pelos Menores e pela Reforma e Santidade da Igreja,  e a 3) Ordem Secular (Terceira Ordem) foi formada por irmãos e irmãs que viviam o Evangelho de Jesus no cotidiano secular e sustentava a missão dos Menores pelo mundo. Francisco, como leigo, pregava para multidões e exortava a conversão na prática valorizando o trabalho leigo. Wesley também valorizou os  pregadores leigos que participavam lado a lado com os clérigos da Missão de evangelização, assistência e capacitação de outras pessoas.

  • Francisco ressaltava a importância da relação pessoal com o Cristo. Questionado sobre o conhecimento teológico, ele disse, perto de sua morte: “Não preciso conhecer mais nada. Já descobrir que meu pobre Jesus Cristo morreu na Cruz”.  Wesley também afirmava que o centro da vida cristã está na relação pessoal com Jesus Cristo. “É Jesus quem nos salva, nos perdoa, nos transforma e nos oferece a vida abundante de comunhão com Deus”.

  • Francisco foi convidado a viver como monge. Alguns padres e bispos acharam que a vontade de Deus para Francisco fosse a vida contemplativa isolada do mundo, num mosteiro. Clara só ficou isolada no convento por causa das exigências sociais e preconceitos da época. Francisco queria viver o Evangelho com o próximo, na vida, nas ruas, junto dos necessitados e empobrecidos. Wesley também reconheceu  a necessidade de se viver o Evangelho comunitariamente no mundo. João Wesley afirmou com relação a vida contemplativa e isolada que "tornar o Evangelho em religião solitária é, na verdade, destruí-lo".

  • Francisco se preocupou com os leprosos e pobres. Não apenas investia em suas vidas espirituais, mas cuidava dos enfermos e recolhia comida para os pobres. Wesley também se preocupou com o ser humano total. Para Wesley, os seguidores de Cristo devem cuidar do próximo integralmente, principalmente dos necessitados e marginalizados sociais.

  • Francisco foi ao Papa solicitar a autorização para viver o Evangelho e pregar o Evangelho. Não desejava ser rico. Desejava apenas poder comunicar o Evangelho ao próximo, principalmente os excluídos da igreja.  Wesley também enfatizou a paixão pela evangelização. Dizia: “Desejamos e devemos trabalhar com paixão, perseverança e alegria para que o amor e a misericórdia de Deus alcancem homens e mulheres em todos os lugares e épocas”.

  • Francisco não rompeu com sua igreja. Até porque isso poderia lhe levar a morte como herege. Mas também porque tinha um grande amor pela igreja. Não desejou destruí-la, mas transformá-la. O movimento Franciscano primário foi um movimento de Santidade e renovação dentro da Igreja medieval. Wesley também não deixou sua amada igreja Anglicana. Morreu anglicano. Não sonhava em fundar uma nova seita (denominação cristã). Seu sonho era transformar a igreja através da vida em santidade.

  • Francisco conhecia, que em Cristo, ele tinha poder de Deus para ser testemunha e instrumento para a transformação dos homens. A experiência com Deus tirava todo o medo. Francisco dizia: “O que você tem a temer? Nada. Quem você precisa temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder, embriaguez sem vinho e vida sem morte."  Francisco cria que a verdadeira vida Cristã está na mudança de vida e no relacionamento com o próximo. Palavras somente não convenciam Francisco. Ele dizia: "Já foi o tempo em que acreditei em palavras." Wesley também pregava a necessidade de uma experiência pessoal com Deus. Sua experiência pessoal com Deus poderia ser instrumento para atrair novas vidas a Cristo. Ele dizia: "Eu me coloco em chamas, e o povo vem para me ver queimar."

  • Francisco abalou o mundo de sua época e até hoje seu testemunho é uma influência positiva nas vidas dos cristãos. Foi considerado a maior personalidade do segundo milênio, segundo uma pesquisa da Time. Wesley também é considerado por diversas igrejas cristãs, como um ícone que restaurou a necessidade da experiência de santidade e a evangelização integral. Wesley conhecia o poder de Deus que pode transformar o mundo através do testemunho. Wesley dizia: "Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo."

  • Francisco não aceitou ficar preso a um convento. Ele disse: “O mundo é o meu convento”. Wesley também não aceitou ficar preso a uma paróquia. Após ser impedido de pregar na igreja de seu pai, Wesley disse: "o mundo é a minha paróquia".

  • Para Francisco Deus era seu tudo: "Meu Deus é meu tudo." Todas as pessoas e toda a criação de Deus precisam ser amadas e respeitadas: Francisco dizia: "Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem. Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida."  Na obra de Deus e na relação com o próximo, Francisco dizia: "Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estará a fazer o impossível." "Devemos aceitar com serenidade as coisas que não podemos modificar, ter coragem para modificar as que podemos e sabedoria para perceber a diferença.” Wesley também via como obrigação espiritual e moral estender a mão para o próximo que sofre e carece do nosso auxílio. Wesley dizia: "Faça todo o bem que puder, de todas as formas, a todas as pessoas, enquanto for possível."

Conclusão:
      Tanto Francisco quanto Wesley foram instrumentos de Deus para a sua geração.        Desejamos ser instrumentos de Deus para a nossa geração?
      Como metodistas, devemos ver e aprender com a caminhada de cristãos e cristãs da história da Igreja. Aprender com Wesley e aprender com outros irmãos e irmãs que viveram e testemunharam a santidade bíblica. O próprio Wesley valorizava a tradição cristã e o testemunho deixado por discípulos e discípulas na história da igreja.
      Podemos hoje ler a história da igreja sem preconceitos e  sem medo. Não importa se o/a discípulo/a de Deus foi ortodoxo, católico, protestante ou pentecostal. Importa como ele foi aos olhos de Deus. Como dizia Francisco:  "Um ser humano vale o que ele é aos olhos de Deus e nada mais."

Com amor. Paz e Bem. Graça e Paz.
Irmão Edson.

Bibliografia usada e recomendada:

  • LEITE, Deodato Ferreira. Francisco Cantor da Paz e da Alegria. São Paulo: Paulinas, 1964.
  • LELIÈVRE, Mateo. João Wesley. Sua vida e Obra. São Paulo: Vida, 1997.
  • LARRAÑAGA, Inácio. O Irmão de Assis. São Paulo: paulinas, 2007.
  • HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. Rio de Janeiro: Pastoral Bennett, 1996.
  • SILVEIRA, Frei Ildefonso. Org. São Francisco de Assis. Escritos e biografias de São Francisco de Assis, Crônicas e outros Testemunhos do primeiro século franciscano. 9ª Edição. Petrópolis: Vozes, FFB, 2000.
  • BURTNER, Robert, CHILES, Robert. Coletânia da Teologia de João Wesley. Rio de Janeiro: Pastoral Bennett, Igreja Metodista, 1995.
  • ALVES, Mary Emmanuel. São Francisco de Assis. São Paulo: Paulinas, 2008.
  • JENNINGS, Daniel R. The Supernatural Occurrences of John Wesley, Oklahoma City: SEAN Multimedia, 2005.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Francisco de Assis e o Medo

Francisco de Assis e o Medo

A seguinte frase é atribuída a Francisco de Assis:

“O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por que? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho e vida sem morte.

Em Gênesis  aparecem quatro passagens importantes sobre temor:
Deus fala a Abrão: 15.1   Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.

Deus fala a escrava Agar: 21.17   Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está.

Deus fala a Isaque: 26.24   Na mesma noite, lhe apareceu o SENHOR e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo.

Deus fala a Jacó: 46.3   Então, disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito, porque lá eu farei de ti uma grande nação.

Deus ministrou esta mesma palavra na vida de Francisco. Com a experiência de Deus em sua vida Francisco pode dizer com fé: “O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por que? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho e vida sem morte.
Observe os três privilégios que recebem a pessoa que se une a Deus:
Onipotência sem poder: O Senhor é a nossa força e o nosso poder. Em Deus somos “onipotentes” sem ter o poder em nós mesmos. Somos fortalecidos no Senhor.
Embriaguez, sem vinho: Somos embriagados do Espírito Santo. Nossa embriagues nos leva a trabalhar no reino de Deus crendo como Francisco que o Céu sustenta a terra. Passamos ver o mundo de cabeça para baixo.
Vida sem morte: Temos vida eterna. Vida para sempre. Vida com Deus.
Esta é a mensagem de Deus: Não temas.
Por isso Francisco repete: “O que temer”? Nada. A quem temer? Ninguém.
Viva a radicalidade do Evangelho de Cristo, amando o próximo e nada temendo. Somente Deus.

Quem tem Deus tem tudo!

Irmão edson