segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Natal comemorado por Francisco de Assis


Foi Francisco de Assis quem inventou o presépio. Isto aconteceu em 1223, logo depois que sua Regra de Vida foi aprovada pelo papa Honório III. Esta Regra ainda é até hoje observada pelos franciscanos de todo o mundo.
Na noite do dia 24 de dezembro de 1223, Francisco teve o desejo de representar materialmente o nascimento de Jesus, pois gostava muito de lembrar a humildade e o amor presentes na Encarnação do Senhor.
Francisco tinha um grande amigo, nobre e honrado em sua terra, que morava na cidade de Greccio - Itália. Este amigo se chamava João e, apesar de nobre e rico, amava a nobreza de espírito acima de tudo. Quando faltavam quinze dias para o Natal, Francisco mandou lhe dizer que iria celebrar o Natal em Greccio e que desejava ver com os próprio olhos como o Menino Jesus nasceu em Belém, as penúrias que passou e como foi posto sobre a palha entre um boi e um burro. Para isso, precisava que João tomasse algumas providência, o que foi feito imediatamente e no lugar indicado por Francisco. Quando chegou a noite de Natal, muitas pessoas foram chamadas, de todos os lugares, os quais prepararam tochas para iluminar a celebração.
Foram também trazidos um boi, um burro, uma manjedoura e palha. Os frades começaram a cantar, e com eles todo o povo, de modo que o bosque ficou repleto dos louvores ao Deus Altíssimo.
Como Francisco não era padre, um sacerdote celebrou a Missa do Natal ali mesmo onde o presépio tinha sido arrumado, o qual disse ter sentido uma piedade jamais experimentada antes em sua vida. No momento da proclamação do Evangelho, Francisco vestiu a roupa própria dos diáconos (a dalmática) e proclamou com voz sonora a Boa Nova. Depois pregou ao povo dizendo palavras maravilhosas sobre o nascimento do Menino de Belém.
Sentia uma doçura sem igual ao pronunciar a palavra "Belém". Terminada a vigília, todos voltaram para as suas casas muito contentes.
No lugar onde o presépio esteve montado foi consagrado um templo do Senhor e no local da manjedoura foi construído um altar.
Foi um momento maravilhoso de celebração. Nós cristãos (evangélicos, protestantes, católicos, ortodoxos)  devemos refletir, com sinceridade, humildade e muita reflexão, a encarnação de Jesus, assim como Francisco de Assis fez no ano de 1223.
Feliz Natal 2010.

Irmão Edson Cortasio Sardinha – Pastor Metodista – edsoncortasio@hotmail.com


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Francisco de Assis soube imitar o Senhor Jesus

Rev. Edson Cortasio Sardinha

            Francisco de Assis teve seu encontro com o Evangelho na prisão da Perúsia em 1202, talvez com 20 anos. Começou seu caminho de encontro com o Jesus pobre.
            Ele era filho do comerciante Pedro Bernardone e percebeu que em vida Jesus não teve nada.
            O Senhor Jesus nasceu em um estábulo, que foi emprestado. Jesus montou em um burrico, que foi emprestado. Jesus realizou o milagre da multiplicação dos peixes e pães, que foram emprestados. Jesus pregava em vários locais emprestados. Jesus usou um barco emprestado. Jesus não teve nada deste mundo. Tudo foi emprestado.
            Francisco entendeu que o Senhor Jesus, sendo o Todo-Poderoso Deus, foi um simples homem na terra: um Homem que nasceu e cresceu em uma humilde aldeia, que trabalhou como um modesto carpinteiro até os 30 anos, que somente durante os três anos seguintes pregou sua mensagem. Nunca escreveu um livro. Nunca exerceu qualquer cargo. Nunca teve um lar próprio depois de adulto. Nunca constituiu família. Nunca frequentou uma universidade. Nunca a planta dos seus pés pisaram uma grande cidade, exceto Jerusalém. Nunca fez alguma coisa que pudesse aparentar grandeza. Nada teve em comum com este mundo, exceto o simples poder de sua singular personalidade. Esta descoberta marcou a vida de Francisco de Assis.
            Francisco se apaixonou pelo Senhor Jesus e se converteu.
            Desejou viver como o Senhor Jesus: abriu mão de tudo e viveu alegremente a vida terrena evangelizando e cantando a alegria de ser pobre como o Senhor.
            Morreu no dia 04 de outubro de 1226.
            Antes de morrer pediu com muita insistência que fosse retirado da cama e colocado na grama. Desejava sentir a natureza, que Cristo criou, pela última vez.
            Morreu cantando: Seja Bem-vinda irmã morte!
            Francisco descobriu um grande Tesouro e deu toda sua vida por Ele.

            Foi realmente feliz porque conseguiu viver integralmente para o Senhor Jesus.  

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A Mudança na Vida de Francisco



A Mudança na Vida de Francisco

Segundo Boaventura na Legenda Menor, Francisco teve uma profunda mudança de vida ao encontrar com o Jesus Cristo do Evangelho:
Assim Boaventura escreve:
      Certo dia, ao orar assim na solidão, apareceu-lhe Cristo Jesus crucificado e lhe disse: "Quem quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (Mt 16,24). Esse versículo do Evangelho causou-lhe tão grande impressão, que lhe queimava dentro da alma como um fogo devorador e como um desejo imenso de sofrer com ele. Pois diante do Crucificado sua alma se derretia e a lembrança da paixão de Cristo se gravou no mais intimo de seu coração, de tal modo que via quase ininterruptamente dentro de si
com os olhos da alma as chagas do Senhor crucificado e externamente a muito custo conseguia conter as  lágrimas e os suspiros. Abandonara por amor de Cristo Jesus, como bens desprezíveis, sua casa e toda a fortuna que esta lhe reservara, mas sabia perfeitamente que descobrira um tesouro escondido e brilhante pérola preciosa. Ávido de possuí-los, resolveu desapegar-se de todas as suas posses e negociar, segundo o estilo de Deus, as coisas deste mundo com as do Evangelho.
    Quando você teve um encontro com o Senhor Jesus?
    Como foi o processo de sua conversão?
    Quando a Bíblia começou a queimar dentro de sua alma?
    Quando você abandonou tudo por Cristo?
    Que área de sua vida está faltando uma verdadeira conversão?
    Você já abriu mão de tudo para receber Jesus como Senhor e Salvador?

quinta-feira, 25 de abril de 2013


Cidade italiana expõe vida e morte de são Francisco de Assis

FABIANO MAISONNAVE
Exatos 831 anos após o nascimento de são Francisco, Assis, na província de Perugia (a cerca de 200 km de Roma), acaba de ganhar outra dádiva, desta vez a homenagem do novo
papa ao seu filho mais ilustre.
Mas o provável aumento do turismo na cidade histórica de 20 mil habitantes exigirá muita abstração do turista que procura uma experiência espiritual na companhia de uma turba de visitantes.

Mais do que nunca, o epicentro da visita a Assis é a basílica de são Francisco, um enorme complexo construído entre 1228 e 1253.
A construção, uma das mais belas da Itália, reúne afrescos revolucionários pintados sobre sua bela arquitetura e guarda o túmulo do santo, que escolheu o local da construção, chamado à época de colina do Inferno, para ficar próximo ao local onde pessoas eram executadas publicamente.
Lalo de Almeida/Folhapress
Freiras observam afrescos de Giotto na basílica de são Francisco, em Assis
Freiras observam afrescos de Giotto na basílica de são Francisco, em Assis
Para os interessados em conhecer a trajetória de são Francisco, a recomendação é começar pelos 28 afrescos atribuídos a Giotto (1267-1337) pintados nas paredes da igreja da parte superior, construída em estilo gótico. Na época, era a melhor forma de narrar a vida do santo aos camponeses analfabetos.
Hoje, com a ajuda de um audioguia, fica fácil entender passagens como o sermão aos pássaros ou quando ele se despe para renunciar aos bens materiais.
Mais difícil é apreciar em silêncio devido aos grupos ruidosos de turistas e estudantes, indiferentes aos reiterados pedidos de silêncio feitos pelos monges via alto-falante, incluindo um assertivo "shhhh".
Na igreja da parte inferior, de teto mais baixo, destaque para os impressionantes afrescos do século 13 sobre o altar principal, pintados por Maestro delle Vele, um aluno de Giotto.
Lalo de Almeida/Folhapress
Vista da basílica de são Pedro, em Assis, onde esta enterrado Sao Francisco
Vista da basílica de são Pedro, em Assis, onde esta enterrado Sao Francisco

Depois de apreciar os altares e as abóbodas ricamente pintados, é possível descer até o sóbrio túmulo de são Francisco, de apelo principalmente espiritual.
Ali, não é difícil encontrar Massimo Copppo, que passa boa parte do dia nas imediações da basílica com vestes franciscanas e os pés descalços vermelhos e feridos pelo frio da região da Umbria. Assim, ele se tornou uma atração momentânea do local.

Editoria de Arte/Folhapress
ALÉM DA BASÍLICA
Embora sem o esplendor da basílica, Assis tem diversas atrações que merecem visita.
No centro, está a fachada impressionante do templo de Minerva, erguido no século 1º. Adiante, a basílica de santa Clara guarda a cruz de são Damião, que teria revelado a Francisco sua missão de reformar a Igreja.
Todos os pontos de interesse podem ser alcançados a pé pelas ruas estreitas e íngremes da cidade.


ABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A ASSIS (ITÁLIA)

terça-feira, 9 de abril de 2013


A Festa da Páscoa para Francisco de Assis
Rev. Edson Cortasio Sardinha

            A Páscoa foi marcante na vida de Francisco de Assis. Como crente do século XIII, amou a morte e a ressurreição do Senhor do profundidade e sensibilidade.
            Boaventura diz que em sua morte Francisco "pediu que fosse lido o texto de São João que começa assim: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, havendo amado os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou..." (Jo 13,1).  Queria ouvir nessa passagem do Evangelho o chamado do Bem-Amado que bate à porta, esse Bem-Amado de quem estava separado apenas pela simples parede da carne. Por fim, tendo-se realizado nele todos os planos de Deus, o bem-aventurado adormeceu no Senhor, orando e cantando um salmo".[i]
            Francisco tentava enxergar a tristeza e a pobreza do Senhor que ficou sozinho na noite de Páscoa, preso pelos guardas do Templo. Tentava ver na festa da Páscoa a páscoa solitária que o Senhor passou tanto na prisão e morte como no túmulo.
            Tomás de Celano conta que "num dia de Páscoa, os frades prepararam no eremitério de Gréccio uma mesa mais bonita, com toalhas brancas e copos de vidro. Quando Francisco desceu de seu quarto de oração (cela) e foi para a mesa, viu a arrumada em lugar elevado e ostentosamente enfeitada: toda ela ria, mas ele não sorriu. Às escondidas e devagarzinho, saiu, pôs na cabeça o chapéu de um pobre que lá estava, tomou um bordão e foi para fora. Esperou à porta até que os frades começaram a comer, porque estavam costumados a não esperá-lo quando não vinha ao sinal. Quando iniciaram o almoço, clamou à porta como um pobre de verdade: "Uma esmola, por amor de Deus, para um peregrino pobre e doente". Os frades responderam: "Entra, homem, pelo amor daquele que invocaste". Entrou logo e se apresentou aos comensais. Que espanto provocou esse peregrino! Deram-lhe uma escudela, e ele se sentou à parte, pondo o prato na cinza. E disse: "Agora estou sentado como um frade menor". Dirigindo-se aos irmãos, disse: "Mais do que os outros religiosos, devemos deixar-nos levar pela pobreza do Filho de Deus. Vi a mesa preparada e enfeitada, e vi que não era de pobres que pedem esmola de porta em porta". O fato demonstra que ele era semelhante àquele outro peregrino que ficou sozinho em Jerusalém nesse mesmo dia de Páscoa. Mas, quando falou, deixou abrasado o coração de seus discípulos[ii].
            Para Francisco as festividades da Páscoa não deveriam ser repletas de comidas e bebidas. deveria ser semelhante ao ressuscitado que apareceu no caminho de Emaús.
Para Francisco devemos celebrar a Páscoa como peregrinos. Pedia que celebrassem a Páscoa em pobreza de espírito, sempre lembrando que estamos nesta vida em trânsito para a vida eterna.
            Boaventura diz que "certo dia de Páscoa, encontrando-se em um santuário ou eremitério, tão distanciado do contato dos homens que não podia facilmente mendigar seu alimento, lembrou-se daquele que no mesmo dia apareceu em traje de peregrino aos discípulos no caminho de Emaús. Pediu esmola a seus irmãos, considerando-se a si mesmo como um pobre peregrino. E tendo-a recebido com humildade, instruiu-os nas divinas letras, exortando-os a que no deserto deste mundo se julgassem peregrinos e estrangeiros, isto é, como verdadeiros israelitas, e a que celebrassem continuamente em pobreza de espírito a Páscoa do Senhor, ou seja, o trânsito desta vida à vida eterna"[iii].
            O Tempo da Páscoa deve ser celebrado sempre pensando na ressurreição do Senhor e na nossa ressurreição. Somos peregrinos a caminho do Céu mediante a graça do Senhor através de sua Morte e ressurreição. Jesus ressuscitou! Ele ressuscitou realmente!


[i] S. Boaventura, LEGENDA MENOR : c.5
[ii] Tomás de Celano,  SEGUNDA VIDA DE SÃO FRANCISCO - Cp 31
[iii] S. Boaventura, LEGENDA MAIOR C. 9

quinta-feira, 7 de março de 2013




Inês e Clara de Assis: Discipulado Franciscano Radical

            Por que uma pessoa rica, herdeira da nobreza, deixa tudo e vai seguir Jesus de forma radical?
            Qual a alegria em deixar tudo para seguir o Senhor Jesus?
            Tenho coragem de deixar tudo por Jesus Cristo?
            A vida de Inês e a Carta de Clara de Assis para Inês são reflexões sérias de pessoas que amaram Jesus até as últimas consequências.
            Até que ponto amamos verdadeiramente Jesus?
            O que desejamos em troca quando vamos a Igreja?
            Somos realmente discípulos de Jesus ou discípulos dos nossos próprios interesses?

            Vamos conhecer a vida de Inês.
            Inês de Praga, ou da Boêmia, foi filha do rei Otocar I da Boêmia e da rainha Constância da Hungria.
            Nasceu em 1205 e morreu em 1282. Foi prometida como noiva a diversos príncipes, inclusive ao futuro Herique VII, que seria imperador.
            Teve uma educação esmerada, em diversos mosteiros e cortes. Sempre se dedicou às obras de caridade e, depois que conheceu os frades menores, que chegaram à sua cidade em 1225, animada também pelo testemunho de sua prima Isabel da Hungria, decidiu ser clarissa.
            Construiu uma grande obra, em que havia um hospital, um mosteiro e uma igreja de São Francisco.
            Entrou para a Ordem em 1234, com grande repercussão em toda a cristandade. Mesmo sem nunca terem tido a oportunidade de se conhecerem pessoalmente, ela e Clara estabeleceram uma profunda amizade.

            As Cartas a Inês
            As cartas são o ponto alto dos escritos de Clara. Nelas nós a encontramos mais livre, pois não tinha que pensar na instituição de sua Ordem.
            É muito pessoal e solta em uma rica doutrina espiritual. Sua visão de contemplação é o melhor que temos no franciscanismo primitivo.
            Seu tema é sempre Jesus Cristo, mas quatro aspectos fundamentais devem ser destacados: Jesus Cristo é crucificado, Jesus Cristo é pobre, Jesus Cristo é o esposo e a entrega a ele é feita em uma virgindade cada vez maior.
            Mesmo quando não fala de si mesma, Clara deixa evidente que está apresentando uma doutrina que primeiro foi vivida intensamente por ela. Sua experiência de pobre, de contemplativa, de alegre esposa, é vibrante.
            É também nas cartas que Clara mostra melhor sua grande capacidade de escritora: concisa, clara, carinhosa, rica de citações que mostram como seus interesses eram diversificados, embora sempre na linha da espiritualidade.
           
Primeira Carta de Clara a Inês:

1 À venerável e santa virgem, dona Inês, filha do excelentíssimo e ilustríssimo rei da Boêmia,
2 Clara, indigna fâmula de Jesus Cristo e serva inútil das senhoras enclausuradas do mosteiro de São Damião, sua serva sempre submissa, recomenda-se inteiramente e deseja, com especial reverência, que obtenha a glória (cfr. Sir 50,5) da felicidade eterna.
3 Sabedora da boa fama de vosso santo comportamento e vida, que não só chegou até mim, mas foi esplendidamente divulgada em quase toda a terra, muito me alegro e exulto no Senhor (cfr. Hab 3,18). 
4 Disso posso exultar tanto eu mesma como todos os que prestam serviço a Jesus Cristo ou desejam fazê-lo.
5 Porque, embora pudésseis gozar, mais do que outros, das pompas e honras deste mundo, desposando legitimamente, com a maior glória, o ilustre imperador, como teria sido conveniente à vossa excelência e à dele,
6 rejeitastes tudo isso e preferistes a santíssima pobreza e as privações corporais, com toda a alma e com todo o afeto do coração,
7 tomando um esposo da mais nobre estirpe, o Senhor Jesus Cristo, que guardará vossa virgindade sempre imaculada e intacta.
8 Amando-o, sois casta; tocando-o, tornar-vos-eis mais limpa; acolhendo-o, sois virgem.
9 Seu poder é mais forte, sua generosidade mais elevada, seu aspecto é mais belo, o amor mais suave, e toda a graça mais elegante.
10 Já estais tomada pelos abraços daquele que ornou vosso peito com pedras preciosas e colocou em vossas orelhas pérolas inestimáveis.
11 Ele vos envolveu de gemas primaveris e coruscantes e vos deu uma coroa de ouro marcada com o sinal da santidade (Sir 45,14). 
12 Portanto, irmã caríssima, ou melhor, senhora muito digna de veneração, porque sois esposa, mãe e irmã (cfr. 2Cor 11,2; Mat 12,50) do meu Senhor Jesus Cristo, 
13 destacada pelo esplendor do estandarte da inviolável virgindade e da santíssima pobreza, ficai firme no santo serviço do pobre Crucificado, ao qual vos dedicastes com amor ardente.
14 Ele suportou por todos nós a paixão (Hb 12,2) da cruz e nos arrancou do poder do príncipe das trevas (Col 1,13), que nos acorrentava pela transgressão de nosso primeiro antepassado, e nos reconciliou (2Cor 5,18) com Deus Pai. 
15 Ó bem-aventurada pobreza, que àqueles que a amam e abraçam concede as riquezas eternas
16 Ó santa pobreza, aos que a têm e desejam Deus prometeu o reino dos céus (cfr. Mat 5,3), e são concedidas sem dúvida alguma a glória eterna e a vida feliz! 
17 Ó piedosa pobreza, que o Senhor Jesus Cristo dignou-se abraçar acima de tudo, ele que regia e rege o céu e a terra, ele que disse e tudo foi feito(Sl 32,9; 148,5)! 
18 Pois disse que as raposas têm tocas e os passarinhos têm ninhos mas o Filho do Homem, Jesus Cristo, não tem onde reclinar a cabeça (Mt 8,20). Mas,inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). 
19 Portanto, se tão grande e elevado Senhor, vindo a um seio virginal, quis aparecer no mundo desprezado,
20 indigente e pobre, para que os homens, paupérrimos e miseráveis, na extrema indigência do alimento celestial, nele se tornassem ricos possuindo os reinos celestes,
21 vós tendes é que exultar e vos alegrar (cfr. Hab 3,18) muito, repleta de imenso gáudio e alegria espiritual, 
22 pois tivestes maior prazer no desprezo do século que nas honras, preferistes a pobreza às riquezas temporais e achastes melhor guardar tesouros no céu que na terra,
23 porque lá nem a ferrugem consome nem a traça rói, e os ladrões não saqueiam nem roubam (Mt 6,20). Vossa recompensa será enorme nos céus(Mt 5,12),
24 e merecestes ser chamada com quase toda a dignidade de irmã, esposae mãe (cfr. 2Cor 11,2; Mt 12,50) do Filho do Pai Altíssimo e da gloriosa Virgem.
25 Creio firmemente que sabeis que o reino dos céus não é prometido e dado pelo Senhor senão aos pobres (cfr. Mt 5,3), porque, quando se ama uma coisa temporal, perde-se o fruto da caridade.
26 Sabeis que não se pode servir a Deus e às riquezas, porque ou se ama a um e se odeia às outras, ou serve-se a Deus e desprezam-se as riquezas (cfr. Mt 6,24).
27 Sabeis que vestido não pode lutar com nu, pois vai mais depressa ao chão quem tem onde ser agarrado.
28 Sabeis que não dá para ser glorioso no mundo e lá reinar com Cristo, e que é mais fácil o camelo passar pelo buraco da agulha que o rico subir ao reino do céu (cfr. Mat 19,24).
29 Por isso vos livrastes das vestes, isto é, das riquezas temporais, para não sucumbir de modo algum ao lutador e poder entrar no reino dos céus pelo caminho duro e pela porta estreita (cfr. Mt 7,13-14).
30 Que troca maior e mais louvável: deixar as coisas temporais pelas eternas, merecer os bens celestes em vez dos terrestres, receber cem por um e possuir a vida (cfr. Mt 19,29) feliz para sempre!
31 Por isso achei bom suplicar vossa excelência e santidade, na medida do possível, com humildes preces, nas entranhas de Cristo (cfr. Fp 1,8), que vos deixeis fortalecer no seu santo serviço,
32 crescendo de bem para melhor, de virtude em virtude (cfr. Sl 83,8), para que aquele que servis com todo desejo do coração digne-se dar-vos os desejados prêmios.
33 Quanto me é possível, também vos suplico no Senhor que vos lembreis em vossas santas preces (cfr. Ro 15,30) de mim, vossa serva, embora inútil, e das outras Irmãs que vivem comigo no mosteiro e vos apreciam.
34 Que com a ajuda dessas preces possamos merecer a misericórdia de Jesus Cristo, para gozar junto a vós da eterna visão.
35 Que o Senhor vos guarde. Orai por (cfr. 1Te 5,25) mim.