quarta-feira, 21 de junho de 2023

Capítulo XV da OFSE - 17 de junho de 2023 - Nova Friburgo - RJ

Capítulo XV da OFSE

No dia 17 de junho de 2023 ocorreu na cidade de Nova Friburgo - RJ o Capítulo XV da OFSE - Ordem Franciscana Secular Evangélica comemorando os 800 anos do Presépio de Greccio. Estiveram presentes 19 participantes

Os irmãos e irmãs da OFSE são da OESI e estudam e vivem o carisma franciscano em seu cotidiano.

A primeira parte do Capítulo ocorreu no Restaurante Cebolinha – No Bairro de Campo Coelho em Nova Friburgo – RJ. Tivemos a Oração da Hora Média, Exposição de Presépios, almoço, Estudo sobre os 800 anos do Presépio de Greccio e depois fizemos a Oração das Vésperas.

Na parte da noite nos encontramos na casa dos irmãos Edson e Marisa onde foi realizada a Oração das Completas.

No domingo o grupo foi até a Igreja Metodista Central de Nova Friburgo para participar do Culto do 11º Domingo do Tempo Comum. Logo após almoçamos juntos e o grupo retornou para o Rio de janeiro.

O Frei Isaac, Mestre dos Noviços dos Franciscanos da OFSE, esteve com os irmãos Edson e Marisa, pregou na Igreja pela manhã e a noite e na segunda-feira pela manhã foi orar em uma linda montanha com o irmão Edson.

Na segunda-feira o Frei Isaac retornou para Contagem – MG na parte da tarde.

Foi um capítulo maravilhoso com muita alegria, confraternização e oração.

capa da Apostila do XV Capítulo da OFSE. 


Veja as fotos, Vídeo e o texto estudado abaixo:

irmã Marisa e irmão Edson 

Líderes da OFSE

Servos do Senhor

Protestantes Metodistas

Exposição de Presépios - da irmã Marisa e Irmão Edson

Lindos presépios comemorando os 800 anos do primeiro presépio

Altar da Eucaristia

Material do XV Capítulo da OFSE

Nosso livrinhos

Restaurante Cebolinha

Irmã Marisa, Estêvão e Júlio (proprietário do Restaurante)

Marisa, Estêvão, Júlio e irmão Luiz Daniel

Irmão Edson, irmã Marisa, Estevão, Júlio e irmão Luiz Daniel. 

Na Oração da Hora Média. 

Orando ao Senhor

Um momento especial de oração e cânticos. 

Mesa dos Estudos

Tempo de reflexão. 

Da esquerda para direita:
Patrícia, Ana Paula, Iris, Alex, Matheus, Lígia, Alice, Frei Isaac, Agar, Nathalie, Liz, Alex, Marisa, Estêvão, Teresa, Lídia, irmão Luiz Daniel, Irmão Edson.
Agachado: Davi. 

Um grupo muito lindo.

reunião na casa do irmão Edson e irmã Marisa para oração das Completas. 

Oração e um delicioso caldo de abóbora e de ervilha. 

muita alegria.

um povo abençoado

uma grande festa. 

Frei Isaac com seu hábito/ Túnica consagrado pelo prior para os encontros da OESI/OFSE. Ao lado a irmã Marisa que confeccionou com oração e carinho. 

Frei Isaac e Irmã Marisa


Na segunda Frei Isaac e irmão Edson na subida da montanha para oração. 

No topo da montanha



Mais um momento de oração e reflexão. 

Vídeo com as fotos.


Texto estudado no XV Capítulo da OFSE:

800 anos do Presépio de Greccio


 “Uma alegria nunca vivida” em Greccio, no Natal de 1223.

Leituras das Primeiras Biografias Franciscanas do século XIII.

 

Francisco prepara um presépio no dia de Natal.

Sua maior aspiração, seu mais vivo desejo e mais elevado propósito era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os "passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina". Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas.

Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito. Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava fazer, e disse: "Se você quiser que celebremos o Natal em Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e contemplar com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro".

Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou no lugar indicado o que o santo tinha pedido.

E veio o dia da alegria, chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os irmãos. Homens e mulheres do lugar, coração em festa, prepararam como puderam tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito. Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade.

A noite ficou iluminada como o dia: era um encanto para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira se rejubilava. O santo estava diante do presépio a suspirar, cheio de piedade e de alegria. A missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote sentiu uma consolação jamais experimentada.

O santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o santo Evangelho. De fato, era "uma voz forte, doce, clara e sonora", convidando a todos às alegrias eternas. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas doces como o mel sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Muitas vezes, quando queria nomear Cristo Jesus, chamava-o também com muito amor de "menino de Belém", e pronunciava a palavra "Belém" como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava "menino de Belém" ou "Jesus", saboreando a doçura dessas palavras.

Multiplicaram-se nesse lugar os favores do Todo-Poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê sem vida, que despertou quando o santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato esquecido em muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa.

Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e ficaram

curados. Mais: mulheres com partos longos e difíceis tiveram um resultado feliz colocando sobre si mesmas um pouco desse feno. Da mesma sorte, muitos homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças.

O presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai São Francisco e dedicaram uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e incontaminado, Jesus Cristo nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos séculos. Amém. Aleluia, Aleluia.

Tomás de Celano PRIMEIRA VIDA DE SÃO FRANCISCO: L.1, C.30.

 

O Natal do Menino de Belém, fazendo-se menino com o Menino.

O santo gostava de morar no eremitério dos frades em Greccio, tanto porque achava rica a sua pobreza como porque podia entregar-se com maior liberdade aos exercícios espirituais numa pequena cela construída na ponta de um rochedo. Foi nesse lugar que recordou pela primeira vez o Natal do Menino de Belém, fazendo-se menino com o Menino.

Tomás de Celano SEGUNDA VIDA DE SÃO FRANCISCO: L.5, C.7.

 

No Natal confessa-se hipócrita

Numa ocasião, ele convidou muita gente para uma pregação no tempo do Natal, e começou dizendo o seguinte: "Credes que sou um santo, e por isso viestes aqui com devoção. Mas eu vos confesso que em toda esta Quaresma minha comida foi feita com banha". E assim se acusava frequentemente de culpa por concessões que tinha feito devido a sua enfermidade.

Tomás de Celano. SEGUNDA VIDA DE SÃO FRANCISCO: L.21, C.2.

 

Devoção ao Natal do Senhor. Como quer que atendam a todos nesse dia

Celebrava com incrível alegria, mais que todas as outras solenidades, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a festa das festas, em que Deus, feito um menino pobrezinho, dependeu de peitos humanos.

 Beijava como um esfomeado as imagens dessa criança, e a derretida compaixão que tinha no coração pelo Menino fazia até com que balbuciasse doces palavras como uma criancinha.

Para ele, esse nome era como um favo de mel na boca.

Certa vez em que os frades discutiam se podiam comer carne porque era uma sexta-feira, disse a Frei Morico: "Irmão, cometes um pecado chamando de sexta-feira o dia em que o Menino nasceu para nós. Quero que nesse dia até as paredes comam carne. Se não podem, pelo menos sejam esfregadas com carne!"

Queria que, nesse dia, os pobres e os esfomeados fossem saciados pelos ricos, e que se concedesse uma ração maior e mais feno para os bois e os burros. Até disse: "Se eu pudesse falar com o imperador, pediria que promulgasse esta lei geral: que todos que

puderem joguem pelas ruas trigo e outros cereais, para que nesse dia tão solene tenham abundância até os passarinhos, e principalmente as irmãs cotovias".

Não podia recordar sem chorar toda a penúria de que esteve cercada nesse dia a pobrezinha da virgem. Num dia em que estava sentado a almoçar, um dos frades lembrou a pobreza da virgem bem-aventurada e as privações de Cristo seu Filho. Ele se levantou

imediatamente da mesa, soltou dolorosos soluços e comeu o resto de pão no chão nu, banhado em lágrimas.

Dizia que a pobreza era uma virtude real, pois brilhava de maneira tão significativa no Rei e na Rainha. Quando os frades lhe perguntaram, em uma reunião, que virtude mais faz de alguém um amigo de Cristo, respondeu, como quem contava um segredo de seu coração: "Ficai sabendo, filhos, que a pobreza é o caminho especial da salvação, que seu fruto é enorme mas são muito poucos os que o conhecem".

Tomás de Celano SEGUNDA VIDA DE SÃO FRANCISCO: L.33, C.4.

 

Como repreendeu, pela palavra e pelo exemplo, os frades que haviam preparado suntuosamente a mesa no dia de Natal, por causa da visita de um ministro

Um dia, certo ministro veio ter com São Francisco na residência dos frades de Riceti, para celebrar com ele a festa de Natal. E os frades, aproveitando o pretexto da festa de Natal e da presença do ministro, prepararam a mesa caprichosamente, cobrindo-a com belas toalhas brancas e guarnecendo-a de copos de cristal. Quando São Francisco desceu de sua cela para a refeição e viu a mesa adornada com tanto cuidado e esmero, saiu furtivamente, tomou o chapéu e o bastão de um pobre que naquele dia se encontrava no convento, chamou em seguida seu companheiro e se pôs diante da porta, do lado de fora,

enquanto o companheiro permaneceu junto à porta, do lado de dentro. A mesa, os frades se entreolhavam indecisos, pois são Francisco lhes havia dado ordem de não o esperarem, se ele não chegasse na hora de Começar a refeição. Tendo permanecido algum tempo fora, bateu à porta, e seu companheiro abriu no mesmo instante. Coberto com a capa e de bastão na mão, foi até a entrada do refeitório onde os frades comiam, e como um peregrino gritou: "Dai uma esmola por amor de Deus a este pobre e enfermo peregrino". O ministro e os frades reconheceram-no imediatamente, e o ministro lhe respondeu: "Irmão, nós também somos pobres e como somos numerosos, as esmolas que recebemos nos são necessárias. Mas pelo amor do Senhor que tu invocaste, entra e repartiremos contigo as esmolas que o Senhor nos deu".

São Francisco entrou e se colocou diante da mesa dos frades, o ministro lhe deu a escudela em que comia, juntamente com uma côdea de pão. Recebeu-as e sentou-se humildemente no chão, perto do fogo, em frente aos frades sentados à mesa. E suspirando lhes disse: "Ao ver esta mesa preparada com tanto cuidado e elegância julguei que não pertencia a pobres religiosos que, todos os dias, vão de porta em porta pedir esmolas. Convém-nos, irmãos caríssimos, mais do que a outros religiosos, seguir o exemplo de humildade e pobreza que Cristo nos deu, porque essa é a nossa vocação e assim prometemos por profissão diante de Deus e dos homens. As festas do Senhor e dos santos se celebram melhor na pobreza e na indigência, pelas quais os santos ganharam o céu, do que na opulência e no luxo pelos quais a alma se distancia dele". Ao ouvir estas prudentes admoestações, encheram-se de vergonha, considerando que São Francisco dizia a estrita verdade e tinha sobejas razões.

E alguns, vendo São Francisco sentado no chão e a solicitude e doçura com que os corrigia e instruía, começaram a derramar copiosas lágrimas. Exortava-os a que tivessem mesas humildes e honestas para que pudessem edificar os leigos e para que, se convidassem um pobre de passagem, este pudesse sentar-se com eles no mesmo pé de igualdade e não se vissem os frades em cadeiras e o pobre no chão.

ESPELHO DE PERFEIÇÃO: L.1, C.19.

 

Como pretendeu persuadir o imperador a editar um decreto que no dia de Natal os homens alimentassem generosamente as aves, o boi, o asno e os pobres

Nós que vivemos com São Francisco e escrevemos estas palavras, somos testemunhas de que o ouvimos dizer várias vezes: "Se eu pudesse falar com o imperador, suplicar-lhe-ia que editasse, por amor de Deus, uma lei proibindo se capturarem ou matarem nossas irmãs cotovias, ou lhes causarem qualquer mal. E ordenando ainda que todos os prefeitos das cidades e todos os senhores de burgos e aldeias fossem compelidos todos os anos, no dia de Natal, a obrigarem o povo a lançar trigo e outros grãos pelos caminhos, fora das vilas e dos burgos para que nossas irmãs cotovias tivessem o que comer, como também as outras aves, em tão grande dia de festa". E por respeito para com o Filho de Deus a quem nesta noite a Santíssima Virgem deu à luz numa manjedoura entre o boi e o asno, que quem quer que possuísse um destes animais deveria alimentá-lo generosamente nesta mesma noite. Do mesmo modo, neste dia os pobres deveriam ser abundantemente providos pelos ricos.

E porque tinha um grande respeito pela Natividade de Nosso Senhor, como pelas outras solenidades, costumava dizer: "Depois que o Senhor nasceu por nós, urgia que fôssemos salvos". Era, pois, seu desejo que neste dia todos os cristãos se alegrassem no Senhor e, por amor daquele que se deu a si mesmo por nós, todos demonstrassem grande liberalidade, não somente com os pobres, mas também com os animais e as aves.

ESPELHO DE PERFEIÇÃO: L.11, C.3.

 

Natal de Clara

Como ela se lembrava de seu Cristo na doença, Cristo também a visitou em seus sofrimentos. Na hora do Natal, em que o mundo se alegra com os anjos diante do Menino recém-nascido, todas as senhoras foram à capela para as Matinas, deixando a madre sozinha, oprimida pela doença. Ela começou a meditar sobre o pequenino Jesus e, sofrendo muito por não poder assistir seus louvores, suspirou: "Senhor Deus, deixaram-me aqui sozinha para Vós". E eis que de repente começou a ressoar em seus ouvidos o maravilhoso concerto que se desenrolava na igreja de São Francisco. Escutava o júbilo dos irmãos salmodiando, ouvia a harmonia dos cantores, percebia até o som dos instrumentos.

O lugar não era tão próximo que pudesse chegar a isso humanamente: ou a solenidade tinha sido amplificada até ela pelo poder divino, ou seu ouvido tinha sido reforçado de modo sobre-humano.

Mas o que superou todo esse prodígio foi que mereceu ver o próprio presépio do Senhor.

Quando as filhas vieram, de manhã, disse a bem-aventurada Clara: "Bendito seja o Senhor Jesus Cristo, que não me deixou quando vocês me abandonaram. Escutei, por graça de Cristo, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco".

Tomás de Celano. A LEGENDA DA VIRGEM SANTA CLARA: L.1, C.18.

 

Como, estando enferma, Clara foi miraculosamente transportada, na noite de Natal, à igreja de São Francisco e aí assistiu ao ofício

Estando uma vez S. Clara gravemente enferma, tanto que não podia ir dizer o oficio na igreja com as outras freiras, chegando a solenidade da Natividade de Cristo, todas as outras foram a Matinas; e ela ficou sozinha no leito, malcontente por não poder juntamente com as outras ir- e ter aquela consolação espiritual.

Mas Jesus Cristo, seu esposo, não querendo deixá-la assim desconsolada, fê-la miraculosamente transportar à igreja de S. Francisco e assistir a todo o ofício e à missa da meia-noite; e além disto, receber a santa comunhão e depois ser trazida ao leito.

Voltando as freiras para junto de S. Clara, acabado o oficio em S. Damião, disseram-lhe: "Ó nossa mãe, Soror Clara, que grande consolação tivemos nesta noite de santa Natividade! Prouvesse a Deus que houvésseis estado conosco!" E S. Clara responde:

"Graças e louvores rendo ao meu Senhor Cristo bendito, irmãs minhas e filhas caríssimas; porque a todas as solenidades desta santíssima noite e maiores do que as que assististes, assisti eu com muita consolação de minha alma; porque, por procuração do meu Pai S. Francisco e pela graça de meu Senhor Jesus Cristo, estive presente na igreja do meu Pai S. Francisco; e com as minhas orelhas corporais e mentais ouvi o canto e o som dos órgãos que aí tocaram; e lá mesmo recebi a santa comunhão. E por tanta graça a mim concedida rejubilai-vos e agradecei a Nosso Senhor Jesus Cristo". Amém.

OS FIORETTI DE S. FRANCISCO DE ASSIS: C.35.


A gruta em Greccio:



Testemunho do Frei Isaac:


XV Capítulo da OFSE/2023

A paz e bem amados irmãos e irmãs do pequeno Francisco e Clara de Assis!

"Viver uma vida franciscana, é viver o amor de Cristo Jesus  pelo seu povo,todos os dias com o coração repleto de alegria!" (Frei Isaac, OFSE/OESI)

Uma descoberta emocionante para muitos de nós, foi saber que Francisco de Assis, foi o criador do primeiro presépio de natal. 

Percebemos que foi o grande amor por Cristo Jesus que motivou recriar um dos momentos mais bonitos e importantes da humanidade. 

Tanto amor, tanta paz,tanta alegria do coração de Deus, direto para seus filhos. 

Percebemos neste capítulo como somos unidos. Uma verdadeira família, vivendo a verdadeira comunhão. Vivemos um momento maravilhoso na Santa Ceia e foi assim que nos sentimos mais fortalecidos ainda.

Fortalecidos na paixão e ressurreição de Cristo Jesus!

Comemoramos o aniversário do nosso amado Prior Edson. 

Fui cuidado nestes dias de minha estadia na casa da família do meu amado Prior Edson, minha irmã franciscana Marisa e seus filhos Lídia e Estevão. Um verdadeiro lar franciscano cheio da perfeita alegria!








terça-feira, 13 de junho de 2023

Franciscanos Protestantes na Igreja Anglicana.

 

Mosteiro Franciscano dos Protestantes Anglicanos
Mosteiro de Glasshampton, Inglaterra.

Convento Franciscano dos Anglicanos
O Convento de São Francisco, Hilfield, Inglaterra.

Franciscanos Protestantes na Igreja Anglicana

Sociedade de São Francisco ( SSF ) é uma ordem religiosa franciscana internacional dentro da Comunhão Anglicana . [1] [2] É a principal ordem franciscana anglicana reconhecida, mas também existem outras ordens franciscanas na Comunhão Anglicana .

Francisco de Assis e Clara de Assis , os fundadores do movimento franciscano, produziram regras separadas para três ordens paralelas, que ainda coexistem como partes da família franciscana hoje: [3]

·         A Primeira Ordem deveria ser frades mendicantes, abraçando a pobreza como um dom de Deus e vivendo a vida comunitária no mundo e servindo os pobres.

·         A Segunda Ordem deveria ser uma comunidade paralela de irmãs vivendo uma vida mais fechada de oração e contemplação.

·         A Ordem Terceira deveria consistir de irmãos e irmãs que não viviam em comunidade, nem sob votos monásticos completos, mas, no entanto, aceitavam promessas simples e seguiam uma regra de vida no mundo.

Dentro do anglicanismo, os Irmãos da Primeira Ordem são chamados de Sociedade de São Francisco (SSF); as Irmãs da Primeira Ordem são chamadas de Comunidade de São Francisco (CSF); as Irmãs da Segunda Ordem são denominadas Comunidade de Santa Clara (OSC); e os Irmãos e Irmãs da Ordem Terceira são chamados de Ordem Terceira da Sociedade de São Francisco (TSSF). [4] Homens e mulheres que desejam se associar à Sociedade de São Francisco sem fazer votos formais podem se tornar Companheiros (CompSSF). [5]

História

Durante a Reforma Inglesa, todas as ordens religiosas, incluindo os franciscanos, foram banidas da Grã-Bretanha. Somente em meados do século XIX as primeiras irmandades foram refundadas na Igreja da Inglaterra, em resposta às necessidades sociais da época. Então veio um ressurgimento do interesse por Francisco. A Comunidade de São Francisco (CSF) foi fundada em 1905 com irmãs que viviam na pobreza e trabalhavam no East End de Londres.

Pouco depois da Primeira Guerra Mundial, o reverendo Douglas Downes, professor de economia da Universidade de Oxford, e alguns amigos deram expressão prática à sua simpatia e preocupação com as vítimas da depressão saindo para as estradas e compartilhando a vida dos sem-teto e meninos, procurando trabalho de cidade em cidade.

Em 1921, um proprietário de terras em Dorset, Lord Sandwich, ofereceu uma pequena fazenda (agora Hilfield Friary ), e ali o grupo de amigos foi capaz de oferecer abrigo aos viajantes exaustos e outros com necessidade temporária de ajuda.

No final da década de 1920, vários grupos religiosos se formaram com um carisma franciscano e para testemunhar a extrema pobreza na Inglaterra da época. 

Em 1934, o padre Algy Robertson que tinha uma ideia mais clara de formar uma ordem religiosa, tendo feito parte da Christa Seva Sangha na Índia e na Inglaterra, juntou-se ao irmão Douglas (como gostava de ser chamado). Juntos, eles tiveram reuniões com o padre George Potter, que era vigário da Igreja de São Crisóstomo no sul de Londres, Hill Street em Peckham. 

Ele passou seu tempo, desde 1923, dedicando-se à vida das pessoas comuns e para a melhoria dos meninos pobres, criando a Irmandade da Santa Cruz. 

Depois de algumas disputas e discussões entre os três homens, a Regra e Constituição da Sociedade de São Francisco foi lida em junho de 1936, e eles concordaram em remover os nomes individuais das irmandades, para formar uma única união. 

Aos poucos, a pequena comunidade tomou forma, modelando-se mais conscientemente na tradição franciscana de oração e estudo, além de trabalhar com os pobres. Passou a assemelhar-se a uma ordem religiosa no sentido formal, com hábitos, capela e culto regular. 

A Sociedade de São Francisco nasceu, em 9 de outubro de 1936, seguida da Ordem Terceira no mesmo ano. 

A Segunda Ordem foi criada em 1950 com o estabelecimento da Comunidade de Santa Clara em Freeland, Witney.

Em pouco tempo, chegaram convites para estabelecer centros em outros lugares e no início da Segunda Guerra Mundial, havia casas no sul de Londres e Cambridge. 

Após a guerra, outros centros foram abertos na Grã-Bretanha. Seguiram-se estabelecimentos no exterior e a Sociedade agora tem conventos nos Estados Unidos, Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Costa Rica e Ilhas Salomão. Outras comunidades foram feitas na (Alemanha), Itália, África e Índias Ocidentais.

Daily Office SSF, o livro de Orações e Ofício da sociedade, foi um dos primeiros a ser totalmente atualizado com o lecionário do Culto Comum, por isso foi usado na Comunhão Anglicana mais ampla. 

Forneceu o modelo para a Oração da Manhã e da Tarde no Culto Comum. A criação do livro de Orações e Ofícios deve-se à dedicação do falecido Ir. Tristam SSF e dos editores de revisão: Ir. Colin Wilfred SSF e Ir. Joyce CSF. 

Estrutura 

A ordem franciscana anglicana compreende os Irmãos da Primeira Ordem; as Irmãs da Primeira Ordem; as Irmãs da Segunda Ordem; os Irmãos e Irmãs da Ordem Terceira. 

Cada parte da ordem está sob a liderança de um ministro geral, atualmente o Ir. Christopher John SSF (eleito em 2017) para os Irmãos da Primeira Ordem, Ir Sue Berry CSF (eleita em 2020) para as Irmãs da Primeira Ordem, e John Hebenton TSSF (eleito em 2017) para os Irmãos e Irmãs da Ordem Terceira. 

Sob o ministro geral, a ordem é dividida em províncias, cada uma governada por um ministro provincial. 

A Segunda Ordem, sendo fechada, elege uma abadessa e atualmente está ativa apenas no Reino Unido. Em 2012, o quadro social era de aproximadamente 200 membros em comunidade (Ordens Primeira e Segunda combinadas) e 3.000 membros dispersos (Ordem Terceira). 


Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Society_of_Saint_Francis

 




Um Metodista Franciscano - https://thefranciscanmethodist.wordpress.com/

 


O que é um metodista franciscano?
Artigo do pastor Metodista Rev. Matt landy

Você deve estar se perguntando sobre o título do meu blog. No outono de 2002, fui à Universidade de Saint Francis em Fort Wayne, IN para uma visita ao campus. Fiquei imediatamente impressionado com a beleza do campus e a gentileza das pessoas. Resolvi estudar administração na Saint Francis, mas como costuma ser com Deus, meu estudo incluiu uma descoberta. Não apenas aprendi muito sobre mim mesmo, mas também sobre o que significava para mim ser um “metodista wesleyano” em um campus católico.
No meu primeiro dia no campus, fiquei do lado de fora da pequena capela debatendo se deveria entrar ou não para a missa, já que nunca tinha ido a uma missa católica antes. Uma freira baixinha, mas gentil, vestida de marrom, me cumprimentou. Perguntei-lhe se poderia participar do tempo de oração, não me sentindo à vontade para chamá-lo de missa como protestante. Ela respondeu: “Sim, claro, e tem ar condicionado, então é legal lá dentro”. Isso deu início a uma amizade que continua até hoje com a Irmã Geraldine Hartke, OSF, que agora mora em Mishawaka. As Irmãs de São Francisco vivem uma alegria contagiante, que imagino que o próprio Francisco viveu ao compartilhar a Boa Nova do Evangelho.

Aprendi mais sobre essa pessoa São Francisco e as irmãs que seguiram seu modo de vida. Os valores franciscanos da Universidade são:*
-Reverenciar a dignidade única de cada pessoa
-Incentivar uma comunidade de confiança e oração
-Servir uns aos outros, a sociedade e a igreja
- Promover a paz e a justiça
-Respeitar a criação
Esses valores falaram comigo e mais tarde eu perceberia que eles eram consistentes com minha teologia wesleyana. Wesley estava preocupado com a santidade pessoal e social. Ele se importava com paz e justiça, criação, oração, serviço e experimentar a graça de Deus. Sinto a graça, o amor e a bondade do Espírito de Jesus tanto em Wesley quanto em Francisco.
Ao discernir meu chamado para o ministério na Igreja Metodista Unida, as Irmãs de São Francisco estavam lá para mim. Eles ofereceram suas orações, palavras encorajadoras e ouvidos atentos. Enquanto me preparava para me formar na faculdade e entrar no seminário, escrevi um artigo para o jornal da escola chamando a mim mesmo de “Metodista Franciscano”; como alguém que era metodista, mas abraçava os valores franciscanos. As Irmãs adoraram meu título autoproclamado e me convidaram a abraçar totalmente o espírito de Francisco quando comecei o ministério.
Eu abracei este chamado para ser um pastor “metodista franciscano”. Como símbolo dessas raízes tanto em Wesley quanto em Francisco, como fui ordenado há dois anos, eu usava uma cruz de San Damino em volta do pescoço, que é a cruz que falou com Francisco em Assis e é um símbolo da Ordem Franciscana em torno do mundo.

Eu continuo meu ministério hoje no espírito dos muitos santos da igreja universal e especialmente do Rev. John Wesley e São Francisco. Oro para que eles fiquem tão satisfeitos quanto as Irmãs ficaram com meu autoproclamado título de “Metodista Franciscana”.

* http://www.sf.edu/about-usf/mission/

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domingo, 2 de abril de 2023

Como Viver a Páscoa no cotidiano segundo Francisco de Assis



Como Viver a Páscoa no cotidiano segundo Francisco de Assis

 

1.    Ao longo do tempo, Francisco foi realizando em sua existência, em seu corpo e em sua história, os mistérios de Cristo. “E assim chegou a hora. Tendo completado em si todos os mistérios de Cristo, voou feliz para Deus” ( 2Celano 217).

2.    São João Damasceno resume de maneira admirável o mistério da passagem, da páscoa de Jesus e nossa páscoa em Cristo: “Cristo está na cruz: aproximemo-nos dele, participemos de seus sofrimentos para ter parte também em sua glória. Cristo jaz entre os mortos: morramos ao pecado para vivermos para a justiça. Cristo repousa num túmulo novo: purifiquemo-nos do velho fermento, tornemo-nos uma massa nova e sejamos para ele um lugar de repouso. Cristo desce à mansão dos mortos: desçamos também com ele pela humilhação que exalta, a fim de ressucitarmos, sermos exaltados e glorificados com ele, sempre vendo e sendo vistos por Deus. Vós que sois do mundo, sede livres; vós que estais amarrados, saí; vós que estais nas trevas, abri os olhos para a luz; vós que estais no cativeiro, libertai-vos; cegos, levantai os olhos. Desperta, Adão que dormes, levanta-te dentre os mortos, pois Cristo, nossa ressurreição apareceu!” (Lecionário Monástico, II, p. 621).

3.    Na espiritualidade cristã há um ponto fundamental: os que são de Cristo morrem com ele e com ele ressuscitam. Passam da terra da servidão, pelo deserto, até a terra prometida.

4.    O mistério pascal situa-se no centro de nossa vida cristã. Através dos gestos de Cristo, manifestados em sua páscoa, temos uma ideia do alcance do amor de Deus e passamos a conhecer o caminho do verdadeiro êxodo.

5.    Esse mistério ocupa lugar central em nossa vida pessoal e cristã. Morremos a nós mesmos e nascemos para a vida de Cristo.

6.    “Francisco se movimentava com espontaneidade numa atmosfera pascal. Era como se fosse a sua própria casa, uma vez que sua identificação com Cristo o levava a viver em si mesmo o que era de mais central no destino e no comportamento de Jesus” (Dicionário Franciscano, p.533).

7.    Nós também, olhamos para a Terra Prometida vivendo a dinâmica do provisório, como peregrinos e forasteiros. Também nos movimentamos na atmosfera pascal.

8.    “Francisco mostrou aos seus irmãos que eram os verdadeiros hebreus, atravessando o deserto deste mundo, como peregrinos e estrangeiros e que deviam sem cessar, com a alma de pobre, celebrar a Páscoa do Senhor, isto é, a passagem deste mundo ao mundo do Pai” (LM 7,9).

9.    Há um conjunto de textos e fatos do Novo Testamento que sintetizam a páscoa de Cristo. Na quinta-feira santa, há a ceia do serviço. Os cristãos sabem que dão seu corpo para a vida dos outros, assim como Cristo o fez, no lava-pés e na eucaristia. Ceia e serviço se entrelaçam.

10. Depois das humilhações e do abaixamento sem fim, depois dos momentos difíceis no Jardim das Oliveiras, Cristo, suspenso entre o céu e a terra, dá a vida, dá seu espírito, morre no dom, faz chegar até Deus na nudez de sua vida o sim definitivo.

11. Depois, quando o tempo se conclui, ressuscita. Estava acabada sua passagem e realizada sua páscoa. Misturam-se muitas categorias mentais: êxodo, peregrinação, abaixamento, dom de vida, morte, expropriação e plenificação.

12. Francisco viveu de tal modo sua vida no clima da refeição da quinta-feira santa que quis fazer de sua família uma fraternidade onde os irmãos viessem a lavar os pés uns dos outros.

13. Nesse clima ele inventou o nome de seus seguidores: frades menores. Francisco foi o homem da sexta-feira santa. Sabemos quão apaixonado foi seu amor pelo crucificado.

14. Podemos dizer que Francisco não morre a sua morte mas a morte do seu Senhor. Quis fazer de sua morte um ritual, uma celebração. “Não é pois arbitrário considerar a história de São Francisco como a realização progressiva duma Páscoa em cujo termo podemos contemplar um homem livre, consciente de uma realeza adquirida graças à pobreza, aquela altíssima pobreza que nos leva à terra dos vivos”.

15. Francisco, sentindo que estava chegando a sua hora, quis reviver em sua carne a paixão e morte de Jesus. Ele havia se colocado, ao longo da vida, na condição de servo. Havia determinado que os irmãos lavassem os pés uns dos outros. Que fossem irmãos menores e que não disputassem com quem lhes quisesse tirar o primeiro lugar.

16. Pobreza e aniquilamento se somaram em sua trajetória. Etapas da páscoa.

17. Francisco gostava da expressão peregrinos e estrangeiros com a qual Pedro, em sua primeira carta, qualificara os discípulos de Cristo (1Pe 2,11). Ela aparece na Regra: “Os irmãos nada tenham de seu, nem casa, nem lugar, nem coisa alguma; mas como peregrinos e estrangeiros neste mundo, servindo a Deus em pobreza e humildade…”

18. Para Francisco, viver em pobreza é essencialmente considerar-se como forasteiro. Quem fala em peregrino e forasteiro fala em pobre.

19. Como os hebreus saindo do Egito e atravessando o deserto no despojamento e na penitência buscavam alcançar a Terra Prometida, os irmãos andam em peregrinação pascal: não fazem outra coisa senão passar pelo mundo, passar para o Pai, no seguimento de Jesus.

20. Antes de tudo são estrangeiros. Não se instalam com segurança, mas alojam-se como hóspedes de passagem que se abrigam sob um teto dado de favor. Assim, foi a instalação desconfortável dos irmãos no tugúrio de Rivo Torto. Admirável o fato de, posteriormente, terem abandonado esse local, expulsos por um camponês com toda serenidade, sem manifestarem violência.

21. Compreenderam o sentido do provisório na existência cristã. Ao irmão que reclamava da falta de conforto, Francisco dizia: “Não suportar as privações com paciência, meu filho, é voltar às cebolas do Egito”.

22. Os irmãos não são somente estrangeiros, mas também peregrinos. Desprendidos dos bens terrenos, correm na direção de Deus.

23. Merece ser transcrito neste contexto episódio acontecido em Greccio num domingo de Páscoa e que revela a densidade do itinerário pascal de Francisco: “Em certo dia de Páscoa, os irmãos do eremitério de Greccio, tinham posto a mesa melhor do que era costume, com guardanapos e copos. O pai ao descer da cela, viu a mesa suntuosamente bem provida e ornamentada: mas este risonho espetáculo entristeceu-o. Retirou-se sorrateiramente na ponta dos pés, pôs o chapéu dum pobre ali presente, pegou num bordão e saiu. De pé, junto da porta, esperou que os irmãos se sentassem à mesa; não costumavam esperar quando ele não aparecia ao sinal dado. Apenas começaram a comer, este autêntico pobre pôs-se a gritar à porta: “Por amor do Senhor dai esmola a um peregrino pobre e doente” – “Entra, bom homem, responderam os irmãos, por amor daquele que invocaste!” Entrou e apresentou-se aos irmãos sentados à mesa: que espanto para aqueles burgueses, à chegada de tal peregrino! A seu pedido deram-lhe uma tigela. Sentou-se no chão a um canto e pousou a tigela. “Agora estou sentado como um verdadeiro frade menor!” Nós devemos, mais do que os outros religiosos, sentir-nos na obrigação de imitar os exemplos da pobreza que nos deu o Filho de Deus. Esta mesa bem provida e ornamentada, julguei-a indigna dos pobres, que andam a mendigar de porta em porta. Meus irmãos, nós somos os verdadeiros hebreus, atravessando o deserto deste mundo como peregrinos e estrangeiros, e devemos sempre com a alma de pobre, celebrar Páscoa do Senhor, isto é , a passagem deste mundo para o do Pai (cf. tradução em A Páscoa de São Francisco, I.-É. Motte e Geraldo Hégo, Braga 1972, p. 195-196).

24. Uns dois anos antes de seu trânsito fora agraciado com os estigmas do Redentor. Francisco viveu intensamente o amor e a dor da sexta-feira santa na montanha do Alverne.

25. “A visão com que Francisco é mimoseado sobre o Alverne é tanto a da Cruz Glorificada como a de uma Glória Crucificada. O sublime serafim resplandecente de fogo, tanto representa o Ressuscitado, o Transfigurado de amor, como o Santo de Israel tocando as montanhas com seu esplendor. A Glória que surge diante de Francisco sob a aparência do Serafim é bem a Glória do Senhor para além da sua morte gloriosa, é a Glória Pascal, aquela que pelo amor triunfou sobre a morte, aquela que, no silêncio do Calvário, gritava sem palavras: Ó morte, eu serei a tua morte! E se quisermos saber por que motivo, flamejante sob a forma de um serafim, a visão atingiu São Francisco e não qualquer outro cristão, basta-nos lançar mais uma vez um olhar sobre o Alverne e contemplar aquele homem predisposto, abrasado também ele, roído, devorado pelo amor: era preciso que, estupefato perante a Santidade, ele fosse arrebatado por ela e absorvido nela pois que ela se revela Amor: era preciso que o amor que abrasava o seu coração, desposasse o Amor que se lhe deparava, como Francisco havia expresso em famosa oração: Absorvei, Senhor, eu vos suplico e pela suave e ardente força de vosso amor, desafeiçoai-me de todas as coisas que debaixo do céu existem afim de que eu possa morrer por vosso amor, o Deus que por meu amor, vos dignastes morrer “ ( A Páscoa de São Francisco…, op. cit., p. 99-100).

26. Ele quis morrer na Porciúncula onde tudo havia começado. Pediu que o colocassem nu na terra nua. Posto no chão, sem a roupa de saco, voltou o rosto para o céu como de costume e todo atento naquela glória, cobriu a chaga do lado direito com a mão esquerda, para que não a vissem.

27. E disse aos frades: “Fiz o que tinha que fazer. Que Cristo vos ensine o que cabe a vós” (2Cel 214).

28. Estando os frades a chorar amargamente mandou que buscassem o texto de João e que fosse lido o trecho que começa: “Antes da festa da Páscoa…”

29. Lembrava-se daquela ceia que foi a última celebrada pelo Senhor com seus discípulos. Fez tudo isso para celebrar sua celebração demonstrando todo o amor que tinha para com os frades. Louva a Deus com cânticos de júbilo. Retoma o Cântico das Criaturas que havia composto anos antes. “E assim chegou a hora. Tendo completado em si mesmo todos os mistérios de Cristo, voou feliz para Deus.

30. Francisco celebra sua morte. “Todo o objetivo de nossa vida terrena não será, afinal, dar à luz elevar à maturidade este fruto do qual trazemos a semente? (…) A morte não é um ato improvisado, mas, ao contrário, instante único que os instantes de nossa vida preparam. Ela não é uma interrupção, mas sim uma plenitude”

31. Ele mesmo havia afirmado que pensava muito na morte. “Francisco quer findar sua vida religiosa ali mesmo onde a principiou. Diz-se que no momento da morte, toda a vida repassa, toda a vida repassa num relance diante dos olhos, como se estivesse contida toda inteira neste último ato.

32. Em parte alguma, como na Porciúncula, Francisco pode mais facilmente abranger, num golpe de vista, toda a sua vida, pois que esta pequena igreja metida nos bosques assistiu a todas as etapas de sua procura evangélica; encontra ali o seu ideal; começara a vivê-lo com os irmãos; foi ali que, um dia, admitiu Clara ao seguimento de Cristo. Vinha constantemente à Porciúncula com os irmãos para ali reencontrar o Evangelho.

33. E eis que volta uma segunda vez para levar a cabo e completar a obra empreendida. De súbito, parece-lhe que toda s sua vida não foi mais do que a preparação deste momento supremo, e que ele vai, enfim, realizar, num momento, aquilo, que tentou durante vinte anos”. Uma vida toda em estado de passagem!

34. Desde que o Senhor o chamara tinha começado seu despojamento. Abandonou seu jeito de viver, comércio, família. Uma pobreza radical o despojou não só que possuía, mas de sua própria vontade.

35. Esvaziou-se totalmente de si mesmo. Foi morrendo pouco a pouco. E agora a morte corporal vem convidá-lo ao desprendimento total e definitivo. Francisco compreende que a maior pobreza é morrer.

36. Para marcar a sua aquiescência a este último ato de despojamento, pede que o estendam nu sobre a terra, recusando vestir uma túnica grosseira enquanto não for convencido de que ela não lhe pertence. Certo de que satisfaz até o fim as exigências de sua dama Pobreza, Francisco ergue as mãos ao céu e glorifica a Cristo: vai para a glória desapegado de tudo.

37. No primeiro dia de sua conversão, perante o bispo de Assis, Francisco despojara-se de suas vestes, símbolo de sua vida mundana porque queria poder dizer com toda verdade: “Pai nosso que estais no céu..”

38. No seu último dia de vida, despoja-se de seu hábito e desta última vestimenta que é seu corpo, para poder dizer com plenitude: Pai nosso.

39. “A morte do cristão sela a sua transformação em Cristo é todo o segredo da sua vida espiritual.

40. Tomás de Celano, biógrafo de Francisco, exprime isto mesmo numa frase admirável: “Veio finalmente a hora em que, tendo-se realizado nele todos os mistério de Cristo, a sua alma voou para a alegria de Deus”.

41. Tal é a história da santidade cristã: a participação nos mistérios de Cristo, a invasão progressiva do Senhor na alma.

42. Francisco reviveu a pobreza de Jesus, o seu gênero de vida, a pregação, os seus sofrimentos… Deve, por fim, passar pela morte de Cristo para ressuscitar com ele”

Nota bene: A bem da verdade, necessário dizer que este texto foi fortemente inspirado na obra citada A Páscoa de São Francisco.

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III