A vida de Francisco de
Assis a partir de Tomás de Celano
Ir. Edson Cortasio
Sardinha
Partes 5
Milagres
5. Milagres
Francisco de Assis realizou inúmeros
milagres – seja diretamente, através de seu contato ou bênção, seja
indiretamente, através de algum objeto seu. A seguir, serão relatados alguns
desses milagres.
Percorrendo
o Vale de Espoleto, chegando perto de Bevagna, Francisco encontrou uma grande
quantidade de pássaros; ele deixou seus companheiros e correu em direção aos
mesmos; cumprimentou-os e ficou admirado quando percebeu que as aves não
fugiram. Então, pediu para que as aves ouvissem a Palavra de Deus:
Entre muitas
outras coisas, disse-lhes o seguinte: ‘Passarinhos, meus irmãos, vocês devem
sempre louvar o seu Criador e amá-lo, porque lhes deu penas para vestir, asas
para voar e tudo de que vocês precisam. Deus lhes deu um bom lugar entre as
suas criaturas e lhes permitiu morar na limpidez do ar, pois, embora vocês não
semeiem nem colham, não precisam se preocupar porque Ele protege e guarda
vocês’. Quando os passarinhos ouviram isso, conforme ele mesmo e seus
companheiros contaram depois, fizeram uma festa à sua maneira, começando a
espichar o pescoço, a abrir as asas e a olhar para ele. Ele ia e voltava pelo
meio deles, roçando a túnica por suas cabeças e corpos. Depois abençoou-os e,
fazendo o sinal da cruz, deu-lhes licença para voar (1Cel 21.58.6-10).
Ao sair dali,
Francisco começou a acusar-se de negligente, por não ter pregado antes para as
aves, que tinham ouvido a Palavra de Deus com tanto respeito.
Isso
fez com que passasse a exortar todos “os pássaros, animais, répteis e até as
criaturas inanimadas, a louvarem e amarem o Criador, já que, por experiência
própria, comprovava, todos os dias, como obedeciam quando invocava o nome do
Salvador” (1Cel 21.58).
Assim,
as criaturas irracionais obedeciam a Francisco. Certa vez, foi ao povoado de
Alviano para pregar a Palavra de Deus.
Ao
começar a pregar, foi interrompido por várias andorinhas: pediu silêncio aos
pássaros e foi obedecido na mesma hora! Isso serviu de sinal para que as
pessoas chegassem à conversão.
Esta
relação de Francisco com os animais passou a ser comum: coelhos e lebres
corriam para seus braços, peixes lhe escutavam... Os sinais de Deus eram
evidentes em sua vida – certa vez, quando estava doente, abençoou um copo de
água e este se transformou em vinho.
Após
o milagre com os pássaros, foi para a cidade de Ascoli. Ali, sua pregação levou
trinta homens (entre clérigos e leigos) a receberem, de suas mãos, o hábito da
Ordem.
Pessoas
levavam pães para ele os abençoar; pães abençoados por ele eram guardados e
dados às pessoas doentes que, ao comê-los, ficavam curadas; partes de suas
vestes eram cortadas e levadas aos enfermos e muitos, também, eram curados.
Gualfredúcio, um cristão que
morava com sua família em Città della Pieve, tinha consigo uma corda que
Francisco já tinha usado em sua cintura: ele mergulhava a corda na água e dava
esta água aos enfermos, de casa em casa, e todos eram curados.
Na
cidade de Toscanela, Francisco ficou hospedado na casa de um senhor que tinha
um filho único, que era coxo e extremamente fraco; por solicitação da família,
Francisco orou e a criança foi curada.
Quando
esteve em Narni, foi solicitado pelo bispo da cidade para ir à casa de um homem
chamado Pedro, que estava paralítico há cinco meses; ao chegar e
abençoá-lo, Pedro ficou imediatamente curado.
Na
mesma cidade, uma mulher cega ficou milagrosamente curada com a bênção de
Francisco. Em Gúbio, havia uma mulher que tinha as duas mãos paralisadas:
Francisco tocou nas mãos e elas foram curadas.
Um
frade padecia de uma doença atribuída a demônios (na verdade, era epilepsia):
Francisco foi visitá-lo, orou, fez o sinal da cruz e ele ficou imediatamente
curado.
No
povoado de San Gémini, Francisco ficou hospedado com três discípulos na casa de
um homem temente a Deus, que tinha uma esposa que sofria de ataques do demônio;
depois de muita insistência, Francisco pediu para que cada frade ficasse no
canto do quarto e repreendeu o demônio com as seguintes palavras: “Em nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, mando-te, por obediência, ó demônio, que saias dela
e jamais te atrevas a molestá-la” (1Cel 25.69) e, na mesma hora, a mulher ficou
liberta.
Em
Città di Castello, outra mulher possessa do demônio foi liberta pela oração de
Francisco...
Os milagres na vida de Francisco
foram resultados de uma vida de oração e piedade.
Ele
tinha uma vida ativa na pregação, mas vivia em inteira disciplina de oração;
procurava lugares desertos para poder viver o silêncio e a intimidade com o
Senhor:
Seu porto seguro
era a oração, que não era curta, nem vazia ou presunçosa, mas demorada, cheia
de devoção e tranquila na humildade. Se começava à tarde, mal a podia acabar
pela manhã. Andando, sentado, comendo ou bebendo, estava entregue à oração.
Gostava de passar a noite orando sozinho em igrejas abandonadas e construídas
em lugares desertos, onde, com a proteção da graça de Deus, venceu muitos
temores e muitas angústias. Lutava corpo a corpo com o demônio, porque, nesses
lugares, não só o tentava interiormente, mas, também, procurava desanimá-lo,
com abalos e estardalhaços exteriores. Mas o valente soldado de Cristo sabia
que o seu Senhor tinha todo o poder, e não cedia às amedrontações, dizendo, em
seu coração: ‘Malvado, as armas da tua malícia não me podem ferir mais aqui do
que se estivéssemos em público, na frente de todo mundo’ (1Cel 27.71.3 e
72.1-2).
O que
você destaca no texto?
Como
serve para sua espiritualidade?
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