800 Anos do Cântico das Criaturas
Uma Celebração Franciscana Protestante
Por Irmão Rev. Edson — OESI | Movimento Franciscano Protestante
OFSE Ordem Franciscana dos Servos Evangélicos.
“Louvai ao Senhor desde os céus; louvai-o nas alturas!
Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes.”
(Salmo 148.1,3)
Neste ano de 2025, a Igreja de Cristo celebra os 800 anos do Cântico das Criaturas (Cântico do Irmão Sol), composto por Francisco de Assis em torno de 1225, no silêncio orante do mosteiro de São Damião. Doente, quase cego e exaurido, o santo transformou sua dor em louvor — compondo uma das mais belas orações poéticas da história cristã.
Francisco não canta a si mesmo, mas ao Senhor Criador, a quem chama de “Altíssimo, onipotente e bom Senhor”. Em cada elemento da natureza ele reconhece a presença do amor divino: o sol que aquece, a lua que ilumina, a água que purifica, a terra que alimenta. Tudo é dom; nada é posse. Em seu olhar, a criação inteira se torna um ícone do Evangelho, revelando a ternura e a glória do Criador.
O Cântico das Criaturas nasce da mesma fé dos Salmos 8, 19 e 148, onde toda a criação é chamada à adoração. Francisco retoma essa harmonia original e a transforma em vida orante, recordando-nos que adorar é também contemplar. O mundo é o grande templo de Deus, e o louvor pode brotar tanto do altar quanto do jardim, do canto das aves, do trabalho humano e do silêncio da alma.
Para nós, do movimento franciscano protestante e da OESI, celebrar este jubileu é proclamar que o Evangelho reconcilia não apenas o ser humano com Deus, mas todas as coisas (Cl 1.20). A criação, ferida e gemendo, é chamada novamente à comunhão com o Criador. É o cântico da redenção que ecoa através dos séculos.
O Cântico das Criaturas permanece um chamado à simplicidade, à gratidão e à vida reconciliada. É uma confissão de fé em forma de poesia — um Evangelho cantado que une espiritualidade, ecologia e esperança.
“Louvado seja o Senhor, que nos chama a viver reconciliados com a criação, com o próximo e com o Evangelho da cruz.”
🌿 O Cântico das Criaturas
(Versão Protestante Contemporânea — inspirada em Francisco de Assis)
Louvado sejas, Senhor meu Deus,
por todas as tuas criaturas,
pelo sol que clareia o dia
e anuncia a tua bondade.
Louvado sejas, Senhor,
pela lua e pelas estrelas,
que brilham serenas nas noites,
lembrando tua fidelidade.
Louvado sejas, Senhor,
pelo vento e pelas nuvens,
pelo ar que sustenta a vida
e pelo sopro do teu Espírito.
Louvado sejas, Senhor,
pela irmã água, tão pura e humilde,
que nos lava, refresca e sustenta
como o batismo renova o coração.
Louvado sejas, Senhor,
pelo irmão fogo,
que ilumina a noite e aquece a casa,
símbolo da tua presença ardente.
Louvado sejas, Senhor,
pela irmã terra, nossa mãe,
que nos alimenta com flores e frutos,
e nos ensina a humildade do pó.
Louvado sejas, Senhor,
por todos os que perdoam por amor,
que servem e sofrem em paz,
porque neles habita o teu Reino.
Louvado sejas, Senhor,
pela irmã morte corporal,
da qual ninguém pode fugir;
mas felizes são os que em Cristo morrem,
pois ressuscitarão para a tua glória.
A ti, ó Altíssimo,
sejam o louvor, a glória e a honra.
Tudo é teu, Senhor da vida;
e somente a ti pertence o cântico eterno.
Amém.
🕯️ Uma Palavra Final
O Cântico das Criaturas é, há oito séculos, um testemunho de que o verdadeiro louvor nasce do coração que confia. Francisco, cego e enfermo, enxergou o mundo com os olhos da fé — e descobriu que toda a criação é uma pregação silenciosa do Evangelho.
Que o Senhor da Vida renove em nós essa visão pascal:
que saibamos ver Cristo em tudo,
amar com gratidão,
servir com humildade,
e cantar, com toda a criação,
“Louvado seja o Senhor, meu Deus!”
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