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sábado, 28 de junho de 2025

Capítulo XVII da OFSE. 28/06/2025
Postado por intercessotsedak às 18:43 Nenhum comentário:
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Vida de Francisco de Assis

Nascido no fim de 1181 ou início de 1182, filho do rico proprietário e comerciante de tecidos Pedro de Bernardone e de Joana, chamada Pica, seu nome batismal - João - foi logo mudado para Francisco ("francês", nome já em uso, mas não muito difundido na Itália) pelo pai, ao voltar dos seus negócios na França.
A mãe, muito piedosa, cuidou de sua primeira formação religiosa.
Aprendeu a ler e escrever na escola paroquial de São Jorge, em Assis, e completou sua modesta cultura com elementos de cálculo, de poesia e música, adquirindo também uma escassa noção da língua francesa (provençal) bem como de contos e lendas de cavalaria.
De gênio perspicaz e muito boa memória, Francisco adquirirá, mais tarde, uma discreta cultura religiosa, lendo e meditando.
Filho de rica família burguesa, com um pai ambicioso, que pretendia alargar no exterior a área do seu comércio, o ambiente familiar de Francisco foi aquele típico da classe média da sociedade italiana da época, em escalada civil e política, ávida de bem-estar e liberdade, até a conquista de um título de nobreza para equiparar-se aos "maiores", que pairavam acima da massa dos pobres e "menores".
Francisco, largamente dotado de inteligência, ambicioso e ativo, no primeiro período de vinte e cinco anos de vida "no século" (1182-1250), tentou pessoalmente todas estas vias de subida e de glória mundana.

Associado, por volta dos 14 anos, ao trabalho paterno nas artes dos mercadores (1196), exerceu com competência aquela arte, atento aos lucros, embora não fosse bom administrador destes.
Com efeito, filho primogênito (com um só irmão menor, Ângelo), aclamado rei das festas e da juventude assisiense, gastava profusamente as riquezas paternas, vestindo roupas curiosas e vistosas, entretendo-se em noites de gala entre músicas e cantos.
Tolerado com indulgência pelos pais naquelas despesas "principescas", era admirado especialmente pela mãe e pelos amigos por suas boas qualidades naturais e morais, nobreza de palavras e de trato, generosidade com os pobres e singular integridade dos costumes (2Cel,3).
Vivaz observador, bem como participante da conquista da liberdade cívica na luta contra o feudatário imperial de Spoleto (1198), tomou parte ativa, aos vinte anos, na guerra comunal de Assis contra Perúgia (1202) e caiu prisioneiro dos peruginos.
Libertado após um ano de prisão e provado por longa doença, o mundo começou a parecer-lhe diferente e estranho. Mas depois de certo tempo, restabelecido da doença e atraído por novos sonhos de glória, decidiu ir até as Apúlias para a conquista do título de cavaleiro (1205).
A viagem de Francisco foi, contudo, interrompida em Spoleto, a sua "estrada de Damasco", onde o Senhor o convidava, em sonho, a entrar na companhia de um senhor mais nobre (2Cel,5-6).

Voltando a Assis, com o presságio de "tornar-se um grande príncipe" (2Cel,6), afasta-se logo da companhia dos amigos, entretendo-se longamente em oração e lágrimas numa gruta solitária; depois de vencer sua extrema repugnância pela lepra, com um beijo num leproso, é atingido pela "iluminação" do Senhor na primeira aparição de Jesus que lhe imprime no coração o amor e o pranto pela paixão (LM, I,5).
Francisco aplica-se assiduamente ao serviço dos leprosos, multiplicando as esmolas aos pobres, aos sacerdotes e às igrejas pobres. Pouco depois, em oração na igrejinha de São Damião, a voz de Jesus, convida-o a "reparar a sua Igreja, que está em ruínas" (LM,II,1).

Revestido de uma pobre túnica, assinalada por uma cruz, e proclamando-se o "arauto do grande rei", ele passa um biênio de vida penitente e eremítica, entregue à oração e a serviços humildes, por breve tempo também, num mosteiro beneditino.
Depois, interpretando literalmente o convite de Jesus, empenha-se na restauração material de três igrejas de Assis: São Damião, São Pedro della Spina e Santa Maria dos Anjos, chamada Porciúncula.

À espera de nova iluminação divina, que veio logo depois da última restauração, quando escutou o Evangelho do envio e da pobreza dos Apóstolos, na igreja da Porciúncula (cerca de 24 de fevereiro de 1208), Francisco pediu explicação ao sacerdote a respeito do referido Evangelho e, nele reconheceu com alegria a própria vocação e missão (Mt 10;Lc 9,10).
Executando à letra aquelas disposições, vestiu-se de hábito minorítico: uma túnica em forma de cruz, um cordão branco, pés descalços e começou a pregar sobre paz e penitência, com grande fervor de espírito, na igreja de São Jorge (1 Cel, 23).
Seguiram-no o rico Bernardo de Quintavalle e o doutor em Direito, Pedro Cattani, aos quais se juntaram o jovem Egídio e mais oito companheiros (1208).
Um ano depois, o grupo foi aprovado em seu modo de vida comunitária e apostólica pelo Papa Inocêncio (1209). Era a Primeira Ordem, a "Ordem dos Menores". Instituiu também a Segunda (Damas Pobres de São Damião ou Clarissas) e a Terceira Ordem.

Já doente, o próprio Francisco, após o retorno do Oriente, providenciou para a Ordem a direção ativa de um vigário, na pessoa de frei Elias de Assis (1221-1227), e a Regra definitiva (1223).
Encaminhava-se ao último período da sua vida, num crescendo de ascensões místicas e no desejo de mais íntima participação e conformidade com o Crucificado.

No verão de 1224, retirou-se para o monte Alverne, onde, entre prolongadas orações, meditações e jejuns, apareceu-lhe o próprio Cristo Crucificado, na figura de um Serafim alado e flamejante, que lhe imprimiu na carne os estigmas.
Descendo do monte Alverne, Francisco transcorreu seu último biênio de vida numa contínua paixão de doenças e dores, afligido por uma grave oftalmia contraída no Oriente. Entre o fim de 1224 e os primeiros dias de 1225, "certificado" pelo Senhor de sua morte próxima e do prêmio eterno, num ímpeto de exaltação mística pela obra da criação, ditou aos companheiros o "Cântico do irmão Sol e de todas as criaturas" (LP, 43-45).
Na Porciúncula, meditando a narração joanina da Paixão e celebrando com seus religiosos a lembrança da última ceia do Senhor, invocando a "irmã morte" e cantando o Salmo "Em voz alta ao Senhor eu imploro...Muitos justos virão rodear-me pelo bem que fizeste por mim" expirou na tarde de Sábado de 3 de outubro de 1226, com a idade de 44 anos.
Sobre a terra nua, apresentando seus estigmas, vistos então por centenas de frades e leigos. No dia seguinte, Domingo, pela manhã, com solene procissão do clero e povo, seu corpo foi levado à igrejinha de São Jorge, dentro dos muros da cidade, ficando aí guardado por cerca de quatro anos, onde também o Santo foi canonizado, em 16 de Julho de 1228.
O corpo foi transladado depois (25.05.1230) para a nova Basílica de São Francisco, erguida por vontade de Gregório IX e por mérito de frei Elias, sobre a colina do Paraíso, na cidade de Assis, na Itália.

Clara de Assis

Clara de Assis

A Vida de Clara de Assis

1. Clara de Assis: Mulher Nova
"Vós, Senhor, sejais bendito, pois me criastes".
" Num domingo de Ramos, quando Clara tinha 18 anos, decidiu cortar os laços que a escravizava, mediante um tríplice despojamento:. a renúncia ao matrimônio; a desapropriação dos bens e a fuga de seu lugar social
Desta maneira, Clara, a "Irmã Pobre", sela sua fidelidade a Deus.Aproximava-se o dia solene de Ramos, quando a donzela, com o coração fervoroso, foi encontrar-se com o homem de Deus, investigando o que e o como de sua conversão.
Francisco ordena-lhe que no dia da festa, modesta e enfeitada, se aproximasse, misturada no meio do povo, para receber a palma e que, à noite, saindo da cidade, convertesse o gozo mundano em luto pela paixão do Senhor.
Chegou o Domingo de Ramos. A jovem, vestida com suas melhores vestes, esplêndida de beleza entre o grupo das damas, entrou na igreja com todos. Ao apresentarem-se para receber os ramos, Clara, com humildade e rubor, permaneceu quieta em seu lugar. Então, o bispo achegou-se a ela e colocou uma palma em suas mãos. À noite, dispondo-se a cumprir as instruções de Francisco, empreende a ansiada fuga com discreta companhia. E como não lhe pareceu bem sair pela porta costumeira, abriu com suas próprias mãos, com uma força que a ela mesma pareceu extraordinária, outra porta que estava obstruída por pesadas madeiras e pedras.
Esta descrição faz pensar na chamada "Porta dos Mortos", que habitualmente permanecia fechada e tapada. Era costume nas casas antigas ter uma porta que servia exclusivamente para retirar os defuntos. Obedecia a uma mentalidade supersticiosa: pretendiam com ela, que o espírito do morto não achasse caminho para regressar, pois aquela porta se fechava atrás dele. No caso de Clara, este detalhe acrescentou um sinal bem expressivo de sua renúncia definitiva a tudo que significava sua casa - seu lugar social privilegiado. Ela partia como alguém que não encontraria retorno. Partia definitivamente. Clara partiu para o Reino de Deus e de seu Cristo.
Sua fidelidade feminina, a exemplo de Francisco, deixou-a pobre de coisas , mas a sublimou em virtudes. Marchou segura, alegre e ligeira na terra dos viventes. Marchou livre como os pássaros do céu e formosa como os lírios do campo. Sofreu com Jesus e agora reina com Ele; com Ele chorou e com Ele está gozando; morreu com Ele muitas vezes na cruz da tribulação e agora possui as moradas eternas e o esplendor dos santos. Seu nome, inscrito no Livro da Vida, Marchou feliz ao Trono do Cordeiro, ao Tálamo de seu Esposo, para cantar o Canto novo.
2. Cronologia de Clara
1194: Nascimento de Clara, na casa paterna da praça de São Rufino, em Assis. Filha mais velha de Hortolana e de Favarone de Bernardino.
1206-7: Francisco mendiga pedras para restaurar a igreja de São Damião. (Profecia sobre o que chegará a ser São Damião); Clara escuta Francisco a pregar.
1210: Rufino, primo de Clara, se une a Francisco e a seus irmãos. Francisco prega na Igreja São Jorge, parte da atual Basílica de Santa Clara. Ela pôde estar presente e teve diálogos com Francisco.
1211-12: Na noite entre 18-19 de março (entre o Domingo de Ramos e a segunda-feira), Clara foge da casa paterna e é acolhida pelos frades da Porciúncula; ali se consagra ao Senhor.
1216: Por pressão de Francisco, Clara aceita a Regra de São Bento e o título de abadessa e consegue o "Privilégio da Pobreza" de Inocêncio III.
1218: Honório III, respondendo a uma carta do Cardeal Hugulino, dá-lhe plenos poderes para cuidar das Irmãs Pobres.
1219: Clara pede ao Papa, a nomeação de um visitador franciscano, propondo-lhe o nome de Frei Filipe Longo. E ela foi atendida.
1225: Francisco compõe o Cântico das Criaturas em São Damião. Clara cai enferma. As Monjas de Santo Apolinário adotam a Forma de Vida de São Damião.
1226: Francisco morre ma Porciúncula. Clara e suas companheiras veneram o seu corpo, que é levado até São Damião, em cortejo fúnebre.
1234-38: Clara escreve três das cartas dirigidas a Inês de Praga.
1240: Clara defende seu Mosteiro e a cidade de Assis do ataque dos sarracenos do Imperador Frederico II, com sua oração.
1247: Clara escreve o seu Testamento a partir deste ano.
1252: O Cardeal Reinaldo de Segni aprova a Forma de Vida (Regra) de Santa Clara.
1253: Clara escreve a quarta carta a Inês de Praga e a 09 de agosto obtém a aprovação Pontifícia da Regra.
1253: A 11 de agosto morre santamente.
1255: Clara é canonizada em Anagni pelo Papa Alexandre IV - Publicação de sua Legenda escrita por Tomás de Celano e a Bula de Canonização, "Clara claris praeclara".
1260: Seu corpo é trasladado para a basílica construída em seu nome sobre a antiga Igreja de São Jorge em Assis.
3. Clara: "Com entrega total..."
O modo pelo qual é possível viver a contemplação concretamente é demonstrado, sobretudo, pela vida que Clara de Assis levou. Era desejo dela viver como Francisco; porém, foi obrigada a retirar se a um Lugar sagrado", ou seja, à clausura de São Damião. 0 que a forçou a tomar essa resolução foram mais as conveniências de sua época do que a sua própria convicção.
Nessa clausura ela viveu por mais de 40 anos, junto com 50 irmãs. Repetidamente, durante o processo de sua canonização, foi testemunhado que sua vida estava marcada por longas fases de oração silenciosa e solitária, assim como também por intuições luminosas. As palavras que lia na Sagrada Escritura ou que ouvia na liturgia, ela as retinha de modo indelével na memória, até que se integrassem em uma visão mental da qual ficava impregnada durante horas inteiras.
Cuidava para que viessem bons teólogos ao mosteiro, capazes de interpretar o Evangelho, para depois aprofundar ainda mais por meio de longas meditações aquilo que tinha ouvido. No ano 1220, quando o cardeal Hugolino veio a São Damião, ela o levou junto consigo até as profundezas da experiência mística. Numa carta impressionante, o próprio cardeal confirmou depois que durante meses ainda sentiu a dor de ter que voltar deste mergulho nas profundezas divinas. De fato, Clara experimentou a presença de Deus tão intensa e concretamente que chegou a formular expressões que sublinham de modo singular a dignidade humana.
Façamos uma tentativa de entrar nesta atmosfera contemplativa, pois para Clara a contemplação é essencialmente uma relação amorosa. Entre outras coisas, escreveu à sua amiga, Inês de Praga: "Ama totalmente aquele que totalmente se deu por teu amor, aquele cuja beleza o sol e a lua admiram e cuja generosidade, preciosidade e grandeza não têm limites" (3ª. Carta a Inês de Praga, 3).
Contemplação é o abraço dado ao amado, cuja beleza ultrapassa a magnificência da Criação. A união entre "beleza" e "amor íntimo" é a característica do tipo de contemplação, chamada também de "mística nupcial", que impregnou a vida dos místicos daquela época. É um motivo que perpassa todos os Escritos de Santa Clara, começando com o "privilégio de pobreza", que ela conseguiu do Papa Inocêncio III em 1216, em cuja formulação ela participou pessoalmente, terminando com o Testamento que escreveu quando a hora da sua morte já estava iminente.
Na mesma 3ª. Carta a Inês de Praga, que já citamos, foi acrescentado o motivo da clausura. Porém, Clara não utilizou esse termo importante à vida contemplativa, no sentido de muralhas claustrais", destinadas a protegerem a relação com Deus. Para ela, "clausura" é o próprio corpo da pessoa humana, ou antes, o "coração" humano. Este lugar mais íntimo do ser humano torna se um "lugar sagrado", torna se habitação de Deus: "Pela graça de Deus, a alma do homem fiel, a mais digna criatura, é maior do que o próprio céu. Pois os céus e todas as outras criaturas não conseguem conter o Criador, mas somente a alma do homem fiel pode ser sua mansão e sua morada. Isto é apenas possível pela caridade, da qual estão privados os ímpios" (3ª. carta a Inês de Praga, 4). Certamente, Clara teria sido incapaz de falar deste modo, se a presença divina dentro dela não fosse para ela uma certeza plenificante.
"Beleza", "amor íntimo", "relação vivida com Cristo", "mística nupcial", "cohabitação de Deus na alma", são as expressões mais importantes que marcaram a contemplação de Clara. Falta, porém, notar que todas essas palavras chave estão ligadas aos conceitos de "pobreza" e "sofrimento" (cf. Lição 19).
Basta um exemplo: "Observa, considera, contempla aquele que, por tua salvação, se fez o mais desprezado dos homens, ó rainha muito nobre, não desejes outra coisa, senão imitar o teu esposo... que foi rejeitado" (2ª. carta a Inês de Praga, 3).Um dos trechos mais impressionantes, onde Clara fala de contemplação, se encontra numa outra carta também dirigida a Inês de Praga: "Põe a tua mente naquele que é o espelho da eternidade, e a tua alma no esplendor da sua glória. Põe o teu coração naquele em quem o vigor de Deus se tornou visível e transforma-te, pela contemplação, em imagem perfeita da própria divindade" (3ª. carta a Inês de Praga, 3)
Resumindo, pode se dizer: contemplação é a admiração que brota espontaneamente do coração, transformando se em seguida em louvor e agradecimento. Significa igualmente, pacificar-se e mergulhar em Deus, com quem fomos reconciliados por Cristo. Contemplação é a ação de Deus em nós. Nós nos abrimos a Deus a fim de sermos transformados por ele. Contemplação significa admiração, reverência, bondade, emoção. Faz-nos reconhecer o nosso nada e experimentar o nosso vazio, fazendo-nos, entretanto, simultaneamente, conscientes da nossa dignidade. Contemplação não é outra coisa do que uma total abertura de nosso coração diante de Deus.


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