Francisco: O homem morto.
Dia de memória da
morte de Francisco de Assis – 04 de
outubro
Todo
debilitado, com voz fraca, sumida, entoa Francisco o Salmo 142: “Com minha voz
clamei ao Senhor…”. O Salmo vai sendo entoado pouco a pouco, e ao chegar ao
versículo “Arranca do cárcere minha alma, pra que vá cantar teu nome, pois me
esperam os justos e tu me darás o galardão”. Faz-se grande e profundo silêncio.
Acabara de morrer, cantando, Francisco de Assis. Quem é este que transfigura o
trauma da morte em expressão de liberdade tão suprema? Desaparece o sinistro da
morte. E Francisco vai ao seu encontro como quem vai abraçar e saudar uma irmã
muito querida (Sermão proferido por Frei Nilo Agostini, na Festa de São
Francisco de Assis, 04/10/1991).
No
dia 03 de outubro de 1226 faleceu Francisco de Assis. A igreja comemora o dia
04 de outubro. A morte vem para todos. Romanos 6.23 - Pois o salário do pecado
é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor.
Francisco
já havia morrido. Morreu para o mundo quando aceitou Jesus como Senhor e
Salvador e colocou o Evangelho como regra de sua vida. Descobriu um caminho
velho e novo: caminhou pela ladeira do arrependimento. Já era um homem morto. Totalmente morto.
Com
isso, vivia crucificado com Cristo. Tinha a mente de Cristo. Podia dizer como
Paulo: não mais vivo eu, mas este viver que agora tenho na carne vivo pela fé
em Jesus Cristo que me amou e morreu por mim.
Este
é o segredo de Francisco. Vivia como morto. Por isso não valorizava o dinheiro,
o lucro, a ganancia, a briga, as cruzadas, os cargos eclesiásticos.
Como morto,
preferia valorizar as borboletas, os pássaros, a água, o fogo, o vento, os
homens, os vivos e os mortos.
Como
morto fazia liturgias, orações, cânticos. Era extremamente feliz. Já havia
perdido tudo. Não possuía mais nada. Andava como morto. Morreu para o mundo e
estava vivo para Deus.
Talvez
tenha sido o homem mais vivo que eu ouvi falar. Era vivo para as coisas de
Deus. Era vivo por que já havia morrido e sua vida estava oculta com Deus em
Cristo Jesus.
Sua
morte corporal foi apenas uma troca de roupa. Abraçou o Pai e beijou Jesus. Sua
paixão era Deus, o criador, que tanto lhe inspirou a dizer: “Louvado seja meu
Senhor!”