No dia 23 de março de 2019, a OFSE (Ordem Franciscana Secular Evangélica) esteve reunida na cidade de Nova Friburgo - RJ.
Estiveram presentes as irmãs: Marisa, Iris, Myrna, Elonede, Alice, Carmem, Viviane e Lígia. E os freis Edson, Alexandre, Gleisto Sérgio e Jessé.
O Frei Alexandre é um clérigo da Igreja Anglicana em Novba Friburgo e foi sua priomeira participação. Sua presença nos deu muita alegria.
Na oportunidade celebramos os 80 anos de vida do irmão Jesse. A Reunião foi realizada em sua casa.
Também receberam o Simbolo da OESI o Frei Jessé e as irmãs Carmem e Iris. Todos ficaram muito emocionados.
Estudamos a Vida de CLARA de Assis. (Veja o texto estudado abaixo) e terminamos a reunião com a oração das Vésperas com Eucaristia e um delicioso bolo de aniversário do frei Jessé.
Veja as fotos:
Frei Gleisto, Frei Alexandre e Frei Edson
Momento da Eucaristia
Reflexão do Evangelho
Comentando o Evangelho
Foto oficial da OFSE
Foto Oficial da OFSE
Irmãs Marisa, Carmem, Frei Jessé, Irmãs Elonede, Iris e Myrna
Frei Jessé recebendo o símbolo da OESI pelas mãos da irmã Elonede
Irmã Iris recebendo o símbolo da OESI pelas mãos da Myrna
Irmã Carmem recebendo o Símbolo da OESI pelas mãos da Irmã Marisa
Foto do Bolo
Frei Edson e Irmã Iris (recebeu o símbolo da OESI)
Irmãs Iris, Marisa e Elonede
Irmãs Alice e Lígia
Irmã Elonede, Myrna e Viviane
Frei Gleisto e Frei Alexandre
Irmãs Marisa, Elonede e Myrna
Irmã Carmem e Frei Jessé
Foto do bolo
Frei Jessé completando 80 Anos.
Clara: Uma liderança Silenciosa
Edson Cortasio Sardinha
Clara é uma líder silenciosa. Como líder cristã e discípula de Francisco
de Assis, criou uma mistagogia própria baseada no silêncio, oração, exemplo e
atitudes.
Nasceu em Assis, Itália, em 1193, 12 anos depois de Francisco. Seu nome
de nascimento é Clara Offreduccio de Favarone.
Com 17 anos ouviu
as pregações de Francisco e começou a ser por ele discipulada secretamente; e
com 19 anos, na noite de Domingo de Ramos, deixou a casa de seus pais para se
aventurar numa experiência cristã sem precedentes. Sentiu-se vocacionada a ser
discípula de Francisco na radicalidade do Evangelho.
Sua atitude
corajosa foi reconhecida pela Igreja. Com apenas 22 anos recebeu o título de
Abadessa do Mosteiro de São Damião.
Depois de muito
insistir com as autoridades da igreja, com apenas 23 anos, recebeu a autorização
do Papa para viver a máxima pobreza (privilégio
da máxima pobreza).
Muitas
mulheres nobres seguiram sua radicalidade evangélica e sua mistagogia.
Com
31 anos teve início uma grave doença em sua vida e permaneceu até sua morte.
Mas
nada paralisou seu trabalho e vocação. Através de sua liderança silenciosa, comunidades
e Mosteiros foram fundados em várias partes da Europa.
Através
de seu exemplo e liderança, uma princesa chamada Inês, filha do rei da Boêmia
funda um Mosteiro em Praga e recebe instruções de Clara para viver a vida
cristã de maneira santa e relevante.
Inês
de Praga, ou da Boêmia, foi filha do rei Otocar I da Boêmia e da rainha
Constância da Hungria. Nasceu em 1205 e morreu em 1282. Foi prometida como
noiva a diversos príncipes, inclusive ao futuro Henrique VII, que seria
imperador. Teve uma educação esmerada, em diversos mosteiros e cortes. Conheceu
os franciscanos, que chegaram à sua cidade em 1225, animada também pelo
testemunho de sua prima Santa Isabel da Hungria, decidiu ser Clarissa porque
encontrou em Clara uma liderança e um modelo cristão a ser seguido. Abandonou
tudo em troca de sua conversão.
Com
47 anos Clara enfrentou os Mulçumanos Sarracenos e conseguiu, pela oração,
expulsá-los de Assis. A cidade foi liberta duas vezes pelo poder da oração na
vida de Clara.
Com
60 anos teve a visita do Papa e finalmente sua Regra de Vida foi aprovada.
Morreu
no dia 11 de agosto de 1253, com 60 anos. 27 anos depois de Francisco morrer.
Enquanto
a Ordem Franciscana (Irmãos Menores) passava por desvios, confusões políticas,
brigas internas e decomposição; Clara permaneceu fiel ao discipulado que
recebeu aos 17 anos. Permaneceu 27 anos, após a morte de Francisco, vivendo de
forma íntegra o Evangelho crido e pregado.
Dez
anos depois de sua morte, a Ordem de São Damião passou a se chamar Ordem de
Santa Clara em sua homenagem. Esta ordem está presente em vários países e
nasceu de uma liderança silenciosa e temente a Deus.
Dois
anos após sua morte, Clara teve sua biografia escrita por Tomás de Celano, o
mesmo biógrafo de Francisco. Celano acompanhou a vida de Clara por mais de 30
anos. Foi testemunha ocular de sua espiritualidade e discipulado.
Celano
nos informa que durante o discipulado secreto que Francisco fez com Clara, ele
“exortava-a
a desprezar o mundo, mostrando com vivas expressões que a esperança do século é
seca e sua aparência enganadora. Instilou em seu ouvido o doce esponsal com
Cristo, persuadindo-a a reservar a joia da pureza virginal para o
bem-aventurado Esposo a quem o amor fez homem”.
Por causa do
Evangelho recebido e do testemunho de Francisco, Clara abandonou tudo para
seguir uma carreira incerta e perigosa. Contudo, estava apaixonada pelo Esposo
de sua Alma, Jesus Cristo. Celano diz: “Acesa no fogo celeste, desprezou tão
soberanamente a glória da vaidade terrena que nada mais se apegou em seu
coração dos afagos do mundo. Aborrecendo igualmente as seduções da carne,
decidiu desde então desconhecer o tálamo de culpa, desejando fazer de seu corpo
um templo só para Deus, esforçando-se por merecer as núpcias do grande Rei”.
Antes de sua
decisão em seguir o Evangelho de forma radical, Clara já tinha uma vida de piedade
e praticava obras de misericórdia.
Era uma
adolescente rica voltada para os pobres. Uma adolescente inquieta voltada para
a quietude da oração.
Celano diz que
Clara “estendia a mão com prazer para os pobres e, da abundância de sua casa,
supria a indigência de muitos”. ...Assim cresceu a misericórdia com ela desde a
infância e tinha um coração compassivo, movido pela miséria dos infelizes”.
Na vida de
piedade cristã, “gostava de cultivar a santa oração, em que, orvalhada muitas
vezes pelo bom odor, foi praticando aos poucos a vida virginal”.
Clara viveu o
discipulado de Francisco de Assis até o final de sua vida. As palavras de
Francisco agarram em sua alma e desejou fielmente amar Jesus com toda a
radicalidade evangélica.
Celano diz que
Clara “submeteu-se toda ao conselho de Francisco, tomando-o como condutor de
seu caminho, depois de Deus. Por isso, sua alma ficou pendente de suas santas
exortações, e acolhia num coração caloroso tudo que ele lhe ensinava sobre o
bom Jesus. Já tinha dificuldade para suportar a elegância dos enfeites mundanos
e desprezava como lixo tudo que aplaudem lá fora, para poder ganhar a Cristo”.
Sua liderança
levou sua irmã Inês e sua mãe Hortolana a seguirem seus passos. Sua família
entrou para Ordem de São Damião e ajudou-a a viver para interceder e amar a
Jesus.
Resistiu com
perseverança as investidas dos parentes para fazê-la desistir da vida Cristã. Celano
diz que seus parentes “recorreram à violência impetuosa, ao veneno dos
conselhos, ao agrado das promessas, querendo convencê-la a sair dessa baixeza,
indigna de sua linhagem e sem precedentes na região. Mas ela segurou as toalhas
do altar e mostrou a cabeça tonsurada, garantindo que jamais poderiam afastá-la
do serviço de Cristo. A coragem cresceu com o combate dos parentes e o amor
ferido pelas injúrias lhe deu forças. Seu ânimo não esmoreceu nem seu fervor
esfriou, mesmo sofrendo obstáculos por muitos dias no caminho do Senhor e com a
oposição dos familiares a seu propósito de santidade. Entre insultos e ódios,
temperou sua decisão na esperança, até que os parentes, derrotados, se
acalmaram”.
A fama de sua
liderança e discipulado se espalhou por toda a parte. Muitos homens e mulheres
desejaram amar Jesus como Clara amava.
Celano diz que
“algumas, dignas de casamentos com duques e reis, estimuladas pela mensagem de
Clara, faziam rigorosa penitência, e as casadas com homens poderosos imitavam
Clara como podiam. Numerosas cidades ganharam mosteiros, e mesmo campos e
montanhas ficaram bonitos com a construção desses celestes edifícios”.
A liderança
silenciosa de Clara sacudiu o mundo. A mensagem de Jesus foi uma espada que
dividiu famílias. Mulheres e homens deixaram os sonhos dos pais para viveram os
sonhos de Deus por causa da liderança silenciosa de Clara.
Clara teve uma
liderança radical firmada na humildade. Quanto mais crescia sua importância no
mundo cristão, mas exercitava a humildade. Celano diz que “Quanto mais elevada
se viu por esse exterior de superioridade, mais se fez vil aos próprios olhos,
disposta a servir, desprezível na aparência. Não recusava nenhum trabalho
servil”.
Sua liderança
também esteve alicerçada no desprendimento. Este total desprendimento era
carinhosamente chamado de santa pobreza. Foi um exemplo perfeito para suas
discípulas. Diz Celano: “No pequeno ninho da pobreza, animava-as a conformar-se
com o Cristo pobre, deitado pela mãe pobrezinha em mísero presépio. Pois
afivelava o peito com essa singular lembrança, joia de ouro, para que o pó
terreno não passasse para o interior”.
Através de sua
vida, Jesus realizou muitos milagres: multiplicação de pães e azeite, curas e
libertações.
Para ser usada
por Deus praticava a mortificação de sua carne de forma radical e assustadora.
Mas este exercício não a trazia tristezas, mas profunda e perfeita alegria.
Sua liderança
silenciosa foi marcada pela oração e pelos louvores. Celano diz: “Já morta na
carne, estava tão alheia ao mundo que ocupava sua alma continuamente em santas
orações e divinos louvores. Tinha cravado na Luz o dardo ardentíssimo do desejo
interior e, transcendendo a esfera das realidades terrestres, abria mais
amplamente o seio de sua alma para as chuvas da graça”.
Na doença teve a
consolação do Senhor. Tinha amor apaixonado pela Paixão do Senhor Jesus. Celano
diz que “como ela se lembrava de seu Cristo na doença, Cristo também a visitou
em seus sofrimentos”.
Como líder,
Clara levou suas irmãs a uma formação cristã permanente através de sua
pedagogia de santidade.
Ensinava “a
afastar de dentro da alma toda convulsão, para poderem firmar-se só na
intimidade de Deus”.
Ensinava também
a “não se deixar levar pelo amor dos parentes segundo a carne e a esquecer a
casa paterna para agradar a Cristo”.
Mas isso não significava
a falta de zelo espiritual para a salvação da família. Pelo contrário, Clara
amava sua família e teve sua mãe e irmã convertidas e trabalhando com ela no
mosteiro.
Sobre a
conversão de sua irmã Inês, Celano diz que Clara “pedia insistentemente ao Pai
da misericórdia que o mundo perdesse o gosto e que Deus fosse doce para Inês, a
irmã deixada em casa, mudando-a da perspectiva de um casamento humano para a
união de seu amor, desposando com ela, em virgindade perpétua, o Esposo da
glória”.
Assim, dezesseis
dias depois da conversão de Clara, Inês, “levada pelo Espírito divino, correu
para a irmã e, contando seu segredo, disse que queria servir só ao Senhor. Ela
a abraçou toda feliz e exclamou: Dou graças a Deus, dulcíssima irmã, porque
abriu os ouvidos à minha solicitude por você”.
Clara também exortava
suas discípulas a vencer os impulsos da carne, a perceber os laços do inimigo. Para
isso, estabeleceu tempo certo para o trabalho manual e para orações.
Ensinou a
prática do silêncio e da oração. “Lá, não havia o espírito de conversas à toa
nem palavras levianas mostrando afetos frívolos”.
Celano diz que
Clara exercia forte liderança com seu silêncio e exemplo: “A própria mestra, de
poucas palavras, resumia em alocuções breves a abundância de sua mente”.
Clara era
apaixonada pela pregação da Palavra. Fez questão de ter pregadores franciscanos
com frequência na Capela de seu Mosteiro. Celano diz que “quando ouvia a santa
pregação, ficava tão inundada de gozo e gostava tanto de recordar o seu Jesus. Não
tinha formação literária, mas gostava de ouvir os sermões dos letrados, sabendo
que na casca das palavras ocultava-se o miolo que tinha a sutileza de alcançar
e o gosto de saborear. De qualquer sermão, conseguia tirar proveito para a
alma, pois sabia que não vale menos poder recolher de vez em quando uma flor de
um áspero espinheiro que comer o fruto de uma árvore de qualidade”.
Clara foi a
líder silenciosa que cuidava do corpo e da alma de suas irmãs. Percebia suas
necessidades e trabalhava para acolher e orientar. Celano diz que ela “não
amava só as almas das filhas: servia também seus corpos com o zelo de uma
caridade admirável. Muitas vezes, no frio da noite, cobria-as com as próprias
mãos, enquanto dormiam, e queria que se contentassem com um regime mais benigno
as que via incapacitadas para a observância do rigor comum”.
Na área do
aconselhamento, se percebesse que alguma “estivesse perturbada por uma
tentação, ou tomada de tristeza, chamava-a à parte e a consolava entre
lágrimas. Às vezes, se ajoelhava aos pés das que sofriam para aliviá-las com
carinho materno”.
Clara foi um
exemplo de líder que enfrenta as dificuldades e as dores olhando para o Senhor
e recebendo Dele a alegria. Celano diz que “em vinte e oito anos de contínua
dor, não se ouviu murmuração nem queixa. De seus lábios brotavam sempre santas
palavras, uma ação de graças contínua”.
O segredo de
Clara era profetizar para sua própria alma. Ela tinha a benéfica prática de
ministrar para sua alma os consolos do Senhor.
Quando estava
morrendo, cercado por amigos e irmãos, com intensas dores, ela teve a paz para
ministrar para si própria.
Celano diz que
Clara “voltando-se para si mesma, diz baixinho a sua alma: Vá segura, que você
tem uma boa escolta para o caminho. Vá, diz, porque aquele que a criou também a
santificou; e, guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com terno
amor. E bendito sejais Vós, Senhor, que me criastes! Uma das Irmãs perguntou
com quem estava falando, e ela respondeu: Falo com a minha alma abençoada".
Clara morreu em
11 de agosto de 1253 com apenas 60 anos. Sua irmã Inês faleceu três meses
depois.
Foi para São
Damião com apenas 19 anos e lá permaneceu até sua morte. Mas conseguiu
influenciar o mundo, converter nobres, consolar pobres e viver a radicalidade
do Evangelho. Sua mistagogia brotava do silêncio do seu mosteiro e de sua
decisão firme de seguir e amar o Senhor. Foi uma líder silenciosa.
Como jovem, não
entrou em uma ordem estabelecida e rica. Iniciou seu próprio caminho pobre
segundo as orientações de seu discipulador. Foi uma líder eficaz porque foi uma
discipula e ouvinte eficaz. Aprendeu com o Evangelho e com Francisco que lhe
ensinou as primeiras palavras da radicalidade evangélica.
Viveu quieta,
influente, feliz e realizada no Senhor, apesar de todas as intempéries da vida.
Enfrentou doenças, sarracenos, tropas militares, fome, família, autoridades
eclesiásticas e o mundo. Mas venceu tudo com alegria ao lado do Senhor Jesus.
Quem serve a
Cristo descobre a alegria em todos os momentos da vida. Por isso Paulo nos
recomenda: “Alegrai-vos
sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4.4).
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O
que você destaca no texto?
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Como
a vida de Clara serve para sua espiritualidade cristã?
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